segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

E se (finalmente) seguirmos a recomendação do diretor-geral da OMS?

Tedros Adhanom Ghebreyesus lidera a OMS
Ainda mal se falava na administração de uma terceira dose de uma vacina contra a covid-19 e já o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, avisava de que a solução não passava por aí, mas sim por bons níveis de cobertura vacinal à escala mundial, incluindo necessariamente nos países mais pobres. O mesmo apelo já tinha sido feito quando se pensou em vacinar os mais jovens.
 
Além de uma questão de equidade, o responsável máximo da agência especializada das Nações Unidas (ONU) defendia que, para derrotar a pandemia, importava que não existissem países/regiões sem cobertura vacinal em larga escala, para não dar tempo nem espaço para o surgimento de novas variantes nesses territórios.
 
Ninguém lhe deu ouvidos. Talvez por Ghebreyesus ser etíope (e, consequentemente, africano), terá sido olhado pela Comissão Europeia e pelos países fora da União Europeia como uma espécie de juiz em causa própria. Ou então, talvez os governantes tivessem sentido que seria complicado explicar aos seus eleitorados que deixariam de vacinar localmente para enviar vacinas para os países mais pobres.
 
Os países mais ricos limitaram-se a cumprir uma espécie de mínimos olímpicos da diplomacia, ao enviar para a COVAX, iniciativa da OMS que trabalha para a aquisição e posterior distribuição de vacinas contra covid-19 para os países mais pobres, aquilo a que podemos designar de restos. Nos últimos meses, a organização tem alertado que, por exemplo, as vacinas chegam a África já bastante perto do prazo de validade. E mesmo quando chegam a tempo, é praticamente impossível respeitar os timings de intervalos que são cumpridos nos países europeus, o que leva a um maior espaçamento entre a primeira e a segunda dose.
 
Contudo, o surgimento da variante Ómicron na África do Sul, um país de um continente que no final de dezembro tinha menos de 7% da população totalmente vacinada, vem de certa forma confirmar a tese há vários meses defendida por Tedros Adhanom Ghebreyesus.
 
Ainda assim, a disseminação massiva da Ómicron, que ao que tudo indica é mais contagiosa do que a Delta, não mudou mentalidades, apesar de em muitos países europeus se estar a assistir a um impensável retrocesso no alívio das restrições, incluindo em Portugal, onde bares, discotecas, creches e escolas foram encerrados a seguir ao Natal. Agora, já se fala em quarta dose, com Israel a tornar-se uma vez mais no primeiro país do mundo a decidir reforçar o esquema vacinal.
 
Mas, se em vez de se pensar em sucessivas doses de reforço, que tal seguir finalmente a recomendação do diretor-geral da OMS?







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