O dia em que um argentino adiou o lançamento da Marcha do Vitória

Marcha do Vitória foi lançada em 1966

Há precisamente 55 anos, a 22 de maio de 1966, o conjunto Terno D’Ouros tinha tudo preparado para lançar a Marcha do Vitória, mas houve um argentino chamado Miguel Perrichon que resolveu estragar o que seria um dia de festa e adiar o lançamento da mítica peça de música por mais uns meses.

 
Criada por Feliciano Silva, que fez a letra e a música, a Marcha do Vitória estava projetada para ser lançada em caso de triunfo na final da Taça de Portugal de 1965-66, mas acabou por ser o Sp. Braga a levar o troféu para casa. Os minhotos venceram por 1-0, com um golo apontado aos 77 minutos por Perrichon, que bateu Mourinho Félix e impediu os sadinos de conquistar o troféu pela segunda vez (consecutiva).
 
“Tínhamos ido atuar a Lisboa e já vínhamos a caminho de Setúbal, no barco para o Barreiro, quando fomos avisados que o Sp. Braga marcou o golo decisivo nos últimos minutos, através de um argentino chamado Perrichon. Estávamos preparados para chegar a Setúbal e lançar a marcha”, recordou em 2016 a O Setubalense um dos elementos da banda, o barbeiro Álvaro Amaro, que desempenhava o papel de acordeonista e era uma das vozes da canção.
 

 

Perrichon marcou, mas a marcha não perigou, uma vez que foi divulgada meses depois e ainda hoje é tocada no Estádio do Bonfim nos minutos que antecedem os jogos da equipa principal. Na altura reproduzida pelos Terno D’Ouro, também composto pelo autor Feliciano Silva e pela voz principal Amílcar Caetano, foi gravada há pouco mais de 15 anos por Lenita Gentil.
 
Álvaro Amaro frisou ser “um grande orgulho cantar a marcha do Vitória” e recorda a atuação numa “sala cheia” no Fórum Luísa Todi, numa homenagem ao antigo jogador vitoriano Carlos Cardoso, como a mais especial. “Incluíamos a marcha sempre no nosso reportório. Fomos cantar ao Algarve, ao norte e a várias terras. Era uma marcha sempre bem-recebida”, acrescentou, revelando que os membros do conjunto acabaram por “ficar um pouco chateados” por “as pessoas pensaram” que autoria da marcha era de Álvaro Amaro e não de Feliciano Silva.
 
No entanto, o grupo guarda uma mágoa. “Em 35 anos no ativo, nenhuma direção do Vitória foi capaz de querer saber quem nós somos ou de nos convidar para cantar numa festa ou num aniversário do clube. Nunca! Fomos convidados para várias festas em Setúbal, mas nunca por uma direção do Vitória. E nós sabendo que a marcha foi um êxito…”, lamentou na altura.
 

 

Letra da Marcha do Vitória:

Em Setúbal nasceu,
Um clube pequenino,
Que ficou bem na memória,
E com os anos cresceu,
Entranhado no destino,
Com o nome de Vitória,
Agora já tem igual,
Aos grandes de tradição,
E o Vitória faz das suas,
Quer dentro de Portugal,
Ou em qualquer outra nação,
Perde uma não perde duas.
Viva o Vitória,
Gritemos todos bem alto,
É o Vitória,
Que põe tudo em sobressalto,
Viva o Vitória,
Equipa de tradição,
Viva o Vitória,
Clube do meu coração,
Cantemos todos esta marcha de louvor,
Cantemos todos seja lá aonde for,
Viva o Vitória,
Que nos faz criar a glória,
Gritemos todos bem alto,
Gritemos viva o Vitória,
Vitória tens no bairrismo,
Adeptos do coração,
Que te sabem proteger,
Ganhando com brilhantismo,
Jogando com correção,
E também sabes perder,
Quando em dias de final,
Se chegares à vitória,
És por todos saudado,
Equipa de Portugal,
És a honra e a glória,
Desta cidade do Sado,
Viva o Vitória,
Gritemos todos bem alto,
É o Vitória,
Que põe tudo em sobressalto,
Viva o Vitória,
Equipa de tradição,
Viva o Vitória,
Clube do meu coração,
Cantemos todos esta marcha de louvor,
Cantemos todos seja lá aonde for,
Viva o Vitória,
Que nos faz criar a glória,
Gritemos todos bem alto,
Gritemos viva o Vitória.
Viva o Vitória,
Gritemos todos bem alto,
É o Vitória,
Que põe tudo em sobressalto,
Viva o Vitória,
Equipa de tradição,
Viva o Vitória,
Clube do meu coração,
Cantemos todos esta marcha de louvor,
Cantemos todos seja lá aonde for,
Viva o Vitória,
Que nos faz criar a glória,
Gritemos todos bem alto,
Gritemos viva o Vitória.