sábado, 21 de março de 2020

O futebol refinado de Daniel Bragança

Médio Daniel Bragança está emprestado pelo Sporting ao Estoril
Daniel Bragança é daqueles jogadores que, só pela leveza com que se movimentam, aparentam ser craques. Quando a bola lhe chega ao pé esquerdo, essa perceção passa a ser uma realidade. A forma como docemente trata o esférico, a precisão com que o entrega, a forma segura como o conduz e o discernimento que demonstra na tomada de decisão confirmam-no.


Nascido há quase 21 anos em Almeirim, no coração do Ribatejo, o médio emprestado pelo Sporting ao Estoril vai mostrando num nível já avançado, num dos clubes da zona cimeira da tabela classificativa da II Liga, que tem qualidade e andamento para um patamar superior.

Em pezinhos de lã e sempre com a bola colada ao pé, é mais um canhoto abençoado pelo dom do bom toque de bola. No emblema da Linha de Cascais, quase todos os ataques pelo seu pé esquerdo, jogue ele mais de frente para o jogo, como segundo médio, ou em terrenos mais adiantes, como n.º 10.

De cabeça levantada, distribui passes bem calibrados pelos companheiros, vislumbrando a melhor linha de passe para fazer a equipa progredir ou, se for caso disso, para assegurar a manutenção da posse de bola. É através de passes teleguiados que acelera o jogo no meio-campo, que desmarca um atacante nas costas da defesa ou que simplesmente coloca a bola num colega afastado da zona de pressão, quase sempre com o timing adequado.

Além de ser um executante de qualidade, é dotado de uma visão de jogo e de um discernimento que lhe dão tranquilidade em situações de aperto e a capacidade para descortinar uma linha de passe que poucos seriam capazes de descobrir.

Daniel Bragança é essencialmente um jogador de poucos toques na bola, que já tem na cabeça o que fazer com ela e onde a colocar quando ela ainda não lhe chegou aos pés, mas que quando encontra espaço também sabe conduzi-la com grande eficiência, conseguindo aproximar a equipa do último terço através da jogada individual.


Na fase ofensiva, gosta de receber a bola no espaço entre linhas, aquela zona cinzenta que se abre e que não é de defesas nem de médios. Quando a redondinha lhe chega nessa parte do campo e ele consegue virar-se de frente para a baliza, algo de bom estará prestes a acontecer.

No entanto, este internacional sub-21 português também apresenta algumas lacunas, principalmente no aspeto defensivo, em que é algo macio. A vontade com que corre para trás não é a mesma com que corre para a frente, apresentando dificuldades em recuperar a posição e alguma falta de agressividade nos duelos. Até neste ponto menos positivo revela características idênticas às de outro produto da formação leonina que precisou de ir ganhar rodagem noutras paragens antes de se afirmar em Alvalade: João Mário.










 


















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