Daniel Bragança é daqueles
jogadores que, só pela leveza com que se movimentam, aparentam ser craques. Quando
a bola lhe chega ao pé esquerdo, essa perceção passa a ser uma realidade. A forma
como docemente trata o esférico, a precisão com que o entrega, a forma segura
como o conduz e o discernimento que demonstra na tomada de decisão confirmam-no.
Nascido há quase 21 anos em Almeirim,
no coração do Ribatejo, o médio emprestado pelo Sporting ao Estoril
vai mostrando num nível já avançado, num dos clubes da zona cimeira da tabela
classificativa da II Liga, que tem qualidade e andamento para um patamar
superior.
Em pezinhos de lã e sempre com a
bola colada ao pé, é mais um canhoto abençoado pelo dom do bom toque de bola.
No emblema
da Linha de Cascais, quase todos os ataques pelo seu pé esquerdo, jogue ele
mais de frente para o jogo, como segundo médio, ou em terrenos mais adiantes,
como n.º 10.
De cabeça levantada, distribui
passes bem calibrados pelos companheiros, vislumbrando a melhor linha de passe
para fazer a equipa progredir ou, se for caso disso, para assegurar a
manutenção da posse de bola. É através de passes teleguiados que acelera o jogo
no meio-campo, que desmarca um atacante nas costas da defesa ou que
simplesmente coloca a bola num colega afastado da zona de pressão, quase sempre
com o timing adequado.
Além de ser um executante de
qualidade, é dotado de uma visão de jogo e de um discernimento que lhe dão
tranquilidade em situações de aperto e a capacidade para descortinar uma linha
de passe que poucos seriam capazes de descobrir.
Daniel Bragança é essencialmente
um jogador de poucos toques na bola, que já tem na cabeça o que fazer com ela e
onde a colocar quando ela ainda não lhe chegou aos pés, mas que quando encontra
espaço também sabe conduzi-la com grande eficiência, conseguindo aproximar a
equipa do último terço através da jogada individual.
Na fase ofensiva, gosta de
receber a bola no espaço entre linhas, aquela zona cinzenta que se abre e que
não é de defesas nem de médios. Quando a redondinha lhe chega nessa parte do campo
e ele consegue virar-se de frente para a baliza, algo de bom estará prestes a
acontecer.
No entanto, este internacional
sub-21 português também apresenta algumas lacunas, principalmente no aspeto
defensivo, em que é algo macio. A vontade com que corre para trás não é a mesma
com que corre para a frente, apresentando dificuldades em recuperar a posição e
alguma falta de agressividade nos duelos. Até neste ponto menos positivo revela
características idênticas às de outro produto da formação leonina que precisou
de ir ganhar rodagem noutras paragens antes de se afirmar em Alvalade: João
Mário.
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