Não é fácil encontrar jogadores
no Campeonato de Portugal dotados de uma qualidade de passe superior à de Tiago
Feiteira, médio de 27 anos que atua no Sintrense. A curta, média ou longa
distância, junto ao relvado ou por alto, para o pé, cabeça ou em profundidade,
a entrega de bola do jogador formado no Sporting e no Vitória de Setúbal é
pautada pela grande precisão. Não é por acaso que é o homem das bolas paradas
da sua equipa.
No 3x5x2 (ou 5x3x2) da formação
orientada por Tiago Zorro, Feiteira tem encaixado ultimamente no vértice mais
recuado do triângulo do meio-campo, o que lhe permite mostrar-se aos defesas
durante a construção de jogo e a partir daí começar a pensar os ataques do
conjunto amarelo e azul e a fazer a bola rolar através dos seus passes
certeiros. Além disso, é capaz de deixar a bola jogável mesmo em situações de
aperto, saindo a jogar ou endereçando o esférico a um companheiro.
No fundo, é o organizador de jogo
da equipa apesar de ser o médio que atua mais atrás, fazendo uso de uma
assinalável leitura de jogo para a divisão em que compete. Na terminologia do
futebol italiano, quem desempenha essa função é apelidado de regista e Paulo Sousa e Andrea Pirlo foram
alguns dos melhores a interpretá-la.
Dos magos dos tempos áureos do calcio à Série D do Campeonato de
Portugal vão anos e anos-luz de distância, mas não deixa de ser prazeroso encontrar
talentos no terceiro escalão do futebol português. E Feiteira é um deles, até porque consegue
conciliar alguma classe e qualidade de execução nos momentos ofensivos com a boa
leitura de jogo que lhe permite também em termos defensivos ganhar os lances na
antecipação e ser a principal referência da sua equipa na recuperação de bola. É por isso um dos esteios de uma equipa que atravessa uma série de seis vitórias consecutivas na prova.
O futebol do médio do Sintrense
merece melhores relvados e campeonatos, mas os seus 27 anos já são considerados
uma idade avançada para muitos dirigentes de clubes das ligas profissionais,
que olham cada vez mais para questões extradesportivas. Se o
salto não vier a acontecer, é pena, porque a experiência nos distritais ao
serviço de Beira-Mar
Almada, Alcochetense
e Amora e no Campeonato de Portugal com as camisolas de Atlético e Pinhalnovense
constituem um currículo curto atendendo às suas qualidades.
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