sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Tiago Feiteira. O regista do Sintrense e o handicap da idade dele

Feiteira representa o Sintrense desde o início desta temporada
Não é fácil encontrar jogadores no Campeonato de Portugal dotados de uma qualidade de passe superior à de Tiago Feiteira, médio de 27 anos que atua no Sintrense. A curta, média ou longa distância, junto ao relvado ou por alto, para o pé, cabeça ou em profundidade, a entrega de bola do jogador formado no Sporting e no Vitória de Setúbal é pautada pela grande precisão. Não é por acaso que é o homem das bolas paradas da sua equipa.


No 3x5x2 (ou 5x3x2) da formação orientada por Tiago Zorro, Feiteira tem encaixado ultimamente no vértice mais recuado do triângulo do meio-campo, o que lhe permite mostrar-se aos defesas durante a construção de jogo e a partir daí começar a pensar os ataques do conjunto amarelo e azul e a fazer a bola rolar através dos seus passes certeiros. Além disso, é capaz de deixar a bola jogável mesmo em situações de aperto, saindo a jogar ou endereçando o esférico a um companheiro.

No fundo, é o organizador de jogo da equipa apesar de ser o médio que atua mais atrás, fazendo uso de uma assinalável leitura de jogo para a divisão em que compete. Na terminologia do futebol italiano, quem desempenha essa função é apelidado de regista e Paulo Sousa e Andrea Pirlo foram alguns dos melhores a interpretá-la.

Dos magos dos tempos áureos do calcio à Série D do Campeonato de Portugal vão anos e anos-luz de distância, mas não deixa de ser prazeroso encontrar talentos no terceiro escalão do futebol português.  E Feiteira é um deles, até porque consegue conciliar alguma classe e qualidade de execução nos momentos ofensivos com a boa leitura de jogo que lhe permite também em termos defensivos ganhar os lances na antecipação e ser a principal referência da sua equipa na recuperação de bola. É por isso um dos esteios de uma equipa que atravessa uma série de seis vitórias consecutivas na prova.


O futebol do médio do Sintrense merece melhores relvados e campeonatos, mas os seus 27 anos já são considerados uma idade avançada para muitos dirigentes de clubes das ligas profissionais, que olham cada vez mais para questões extradesportivas.   Se o salto não vier a acontecer, é pena, porque a experiência nos distritais ao serviço de Beira-Mar Almada, Alcochetense e Amora e no Campeonato de Portugal com as camisolas de Atlético e Pinhalnovense constituem um currículo curto atendendo às suas qualidades.

















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