quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Real Sport Clube sem craques mas com um coletivo que faz sonhar

Real está em posição de acesso ao playoff de promoção à II Liga
Sem o historial do Olhanense nem as individualidades do Alverca, o Real Sport Clube surge em meados de dezembro em igualdade pontual com os algarvios na liderança da Série D do Campeonato de Portugal, envergando o estatuto de segundo melhor ataque - 36 golos, menos dois do que o Olhanense -, a terceira melhor defesa - nove golos sofridos, apenas superados pelos sete do Oleiros e os oito do Vizela - e o melhor momento de forma - sete vitórias consecutivas e 12 jogos sem perder – entre as 72 equipas das quatro séries.


Na turma do concelho de Sintra não há grandes craques, mas existe um coletivo muito bem trabalhado e com as doses certas de irreverência e maturidade. Hugo Martins assumiu o comando técnico a meio de outubro, em substituição de António Pereira, e alterou a face da equipa, transformando um conjunto aparentemente talhado para transições rápidas numa formação que gosta de progredir no terreno de forma apoiada, com futebol de ligação, e de controlar e dominar os jogos através da posse de bola.

Apesar de alguns pormenores técnicos de encher o olho por parte de Felipe Ryan, da influência de Ruizinho na construção de jogo, da dinâmica que Márcio Meira imprime, da velocidade de João Ventura ou do pontapé-canhão de Morgado, o que salta mais à vista são as ideias muito bem definidas nos vários momentos do jogo a eficácia com que os jogadores as interpretam.

A organização ofensiva caracteriza-se pelo ataque posicional, mas com grande uma dinâmica que confunde os adversários, com os dois médios (geralmente Ruizinho e Morgado) a alternarem entre quem baixa até perto dos defesas para construir jogos e os homens de apoio ao ponta de lança (como Márcio Meira, Felipe Ryan e João Ventura) a trocarem constantemente de posição entre eles, confundido as marcações.

Onze que defrontou o Sintra Football a 15 de dezembro
Mesmo quando está a atacar, a equipa já prepara a reação à perda da bola, uma vez que apresenta um bloco subido, com muitos jogadores na zona do esférico, procurando asfixiar desde o início qualquer tentativa de saídas rápidas para o ataque. E se eventualmente as saídas rápidas do adversário forem conseguidas, o Real mantém a linha defensiva quase sempre muito bem coordenada e com os apoios bem colocados, a funcionar como uma espécie de penúltima barreira antes da baliza que nas últimas jornadas tem estado à guarda de André Paulo.

Embora possua um modelo de jogo bem definido e trabalhado, a equipa vai mostrando capacidade para o ajustar consoante a necessidade. Em situação vantajosa no resultado, os realistas exibem a maturidade necessária para baixar o ritmo e trocar a objetividade por um futebol mais especulativo. É muito interessante a forma como a formação do concelho de Sintra consegue subtilmente quebrar o ritmo do jogo e atrair a subida do bloco contrário para depois apostar num ataque mais vertical para aproveitar eventuais desequilíbrios na organização defensiva do adversário.

Depois de uma experiência pouco afirmativa na II Liga em 2017-18 e de ter falhado o playoff de promoção nas últimas jornadas da fase regular depois de a justiça desportiva ter tirado e repostos pontos ao Casa Pia, o Real Sport Clube está de volta à luta e com uma pujança assinalável.















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