Tendo em conta as poucas
presenças do Santa Clara na I Liga, não tinha muito por onde
escolher relativamente à minha primeira memória de um jogo entre os
açorianos e o FC Porto. Ainda não via futebol em 1999/00, mas
lembro-me perfeitamente de os dragões então orientados por Octávio
Machado terem perdido no Estádio de São Miguel no final da primeira
volta do campeonato de 2001/02. Curiosamente, ambas as equipas
tinham-se defrontado dez dias antes nas Antas para a Taça de
Portugal, mas não me recordo desse duelo.
Tenho presente,
inclusivamente, que só terei assistido a uma pequena parte desse
jogo de má memória para o FC Porto em Ponta Delgada devido a um
motivo também relacionado com futebol. Estava de férias de Natal
com a minha família na aldeia dos meus pais no Baixo Alentejo e só
podíamos acompanhar os jogos num café, pelo que se optou para
jantar enquanto decorria o jogo para que depois pudéssemos assistir
de fio a pavio ao Sporting-Vitória
de Setúbal que ia realizar-se a seguir.
Por estranho que possa
parecer, o Santa Clara de Manuel
Fernandes entrou em melhor forma à partida para esse desafio de
22 de dezembro de 2001, embalado por duas vitórias consecutivas
frente a Vitória de Setúbal (em casa) e Beira-Mar (fora) para o
campeonato, ambas por 1-0. O FC Porto de Octávio Machado, por sua
vez, vinha de uma derrota em Guimarães e de um empate caseiro com o
Sp. Braga.
E nesse jogo nos Açores,
os insulares continuaram em alta e os portistas em baixa. Toñito,
emprestado pelo Sporting aos açorianos, foi a figura do encontro, ao
marcar os dois golos da sua equipa: o primeiro de grande penalidade
aos 18 minutos, o segundo na sequência de um ataque rápido guiado
por George (56'). Hélder Postiga reduziu aos 64', de cabeça,
colocando o resultado final em 2-1.
“Uma entrada
desastrosa do FC Porto e um golpe de sorte do Santa Clara,que marcou
de grande penalidade na primeira vez que foi à área portista com
perigo, resultaram num triunfo açoriano ou, dito de outra forma, no
terceiro jogo consecutivo dos dragões sem vencer e onde estão
incluídas duas derrotas... Acordou tarde de mais o dragão, e só
depois de Octávio Machado ter retificado um onze que, até ao
intervalo, jamais se encontrou. Capucho e Alenitchev deram–lhe a
alma que faltava, mas Costinha não foi capaz de acompanhar um sprint
de George e o segundo golo transformou em missão impossível a
recuperação. Podem os portistas argumentar que o caudal ofensivo
que produziram nos últimos 20 minutos justificava outro
resultado,mas essa é uma desculpa que tem resposta num ditado: não
deixes para amanhã o que podes fazer hoje. E os dragões ficaram a
saber que tarde é sempre de mais para recuperar”, descreveu O
Jogo.
Do jogo da segunda volta
não me lembro, mas uma vez que teve oito golos e quatro bolas nos
ferros, vale a pena recordar. Toñito voltou a faturar, inaugurando o
marcador, mas os grandes protagonistas foram Benni McCarthy, autor de
um hat trick, e Deco, que apontou um bis de livre direto numa
vitória portista por 5-3.
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