quarta-feira, 18 de setembro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre Sporting e equipas holandesas

Dirk Kuyt e Hugo Viana no jogo da primeira mão, em Alvalade

Recuemos à época 2004-05. O Sporting de José Peseiro perseguia o sonho de ganhar a Taça UEFA em casa, uma vez que a final se realizava no Estádio José Alvalade. Pela frente, nos 16 avos de final da prova, tinha os holandeses do Feyenoord, que já tinha defrontado meses antes num torneio de pré-época em Newcastle, com vitória por 4-3 nas grandes penalidades após 1-1 ao cabo dos 90 minutos.


A equipa de Roterdão tinha vencido a competição três anos antes e era (e ainda é) um nome importante no futebol europeu, uma vez que no palmarés tem uma Taça dos Campeões Europeus e mais de uma dezena de campeonatos da Holanda. Em quarto lugar na liga holandesa à data da primeira mão, o Feyenoord era orientado por Ruud Gullit, um ícone do futebol do país das tulipas. Na equipa figuravam nomes como Dirk Kuyt e Salomon Kalou, que haveriam de se tornar nomes importantes no mundo do futebol.

Já o Sporting mostrava-se capaz do melhor e do pior. Basta dizer que, três dias antes, tinha goleado o Rio Ave em casa por 5-0. Mas na semana anterior tinha perdido nos Barreiros diante do Marítimo por 0-3. Como o campeonato dessa época estava transformado numa caixinha de surpresas, o Sporting estava igualado com FC Porto, Benfica e Boavista na liderança, todos com 38 pontos. E o Sp. Braga aparecia logo a seguir, com menos um.

No primeiro jogo da eliminatória, em Alvalade, as coisas começaram a correr mal ao Sporting. Já depois de Hugo Viana ter acertado na trave, o belga Bart Goor aproveitou uma bola perdida na área leonina para inaugurar o marcador para a equipa holandesa (11 minutos), que contava com o lateral esquerdo português Bruno Basto no onze inicial.

 Os verde e brancos não demoraram muito a responder e chegaram ao empate aos 22 minutos, por Custódio, a introduzir a bola no fundo das redes na sequência de um lance confuso na área do Feyenoord (22’). Ainda na primeira parte, Sá Pinto colocou a bola na cabeça de Liedson através de um cruzamento milimétrico e o levezinho cabeceou para o interior da baliza da formação de Roterdão (36’).

Na segunda parte, nem um golo para amostra. O facto mais relevante foi a expulsão de Custódio, por acumulação de amarelos (65’). E assim, a vantagem leonina parecia curta, conforme deu conta o Diário de Notícias no dia seguinte: “Vantagem curta. Resultado é escasso para um Sporting que foi sempre melhor, mesmo com dez.”


Uma semana depois, no De Kuip, estádio conhecido como a banheira de Roterdão, quem levou um valente banho foi a equipa da casa. Pouco depois de se concluir uma hora de jogo, Liedson surgiu desmarcado na cara de Lodewijks e, com um chapéu sensacional, deu vantagem à equipa portuguesa (62’). 


A seguir ao golo, os adeptos holandeses sentiram-se provocados, alguns invadiram o campo e o jogo esteve interrompido durante vários minutos. Essa é uma das principais memórias que retenho desta eliminatória, logo a seguir aos resultados.

Outra memória inesquecível foi um fantástico golo de Rochemback depois de o jogo ter sido reatado. Na execução de um livre direto, o médio brasileiro disparou uma bomba que só parou na baliza adversária, aos 83 minutos.

Nicky Hofs ainda reduziu para os holandeses (89’), mas seriam necessários mais dois golos para o Feyenoord seguir em frente. Mas, já se previa, não havia tempo para isso. “Às portas do céu… Comedido, autoritário e sem se esquecer de que iniciava o jogo a ganhar (pelo 2-1 em Alvalade), o leão esteve no Paraíso… no Inferno de Roterdão. João Moutinho foi enorme, Liedson resolveu, Rochemback confirmou: a final da Taça UEFA não é uma miragem”, escreveu o jornal O Jogo no dia seguinte.


Nessa mesma campanha na Taça UEFA, o Sporting teve mais um duplo confronto memorável com uma equipa holandesa, o AZ Alkmaar. Após uma vitória por 2-1 em Alvalade, os leões perderam por 3-2, mas conseguiram marcar o segundo e decisivo golo já no tempo de compensação, por Miguel Garcia, que ficará para sempre conhecido como o herói de Alkmaar.






























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