quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Dragão vê 44 milhões a voar após primeira parte de danos irreparáveis

Luis Díaz e Suleymanov, as figuras das respetivas equipas
Três dias depois do galo da derrota em Barcelos no arranque do campeonato, o FC Porto voltou a ser derrotado com surpresa, mas, desta vez, com algum estrondo. Nem o mais pessimista dos portistas esperava estar a perder por 0-2 aos 12 minutos ou por 0-3 ao intervalo frente a um Krasnodar que arruinou logo na primeira quinzena de agosto um dos principais objetivos da época dos azuis e brancos: a presença na Liga dos Campeões e o encaixe de 44 milhões de euros que isso implicava. Na segunda parte a equipa portuguesa reagiu bem e marcou dois golos, mas os danos causados na etapa inicial revelaram-se irreparáveis.


Nunca, na história do clube nas competições europeias, o FC Porto tinha estado tão cedo a perder em casa por uma diferença de dois golos. De nada valeu a recuperação de Danilo, ausente no duelo com o Gil Vicente, e as outras quatro alterações promovidas por Sérgio Conceição em relação ao encontro da 1.ª jornada da I Liga. A única coisa que teve um efeito-surpresa nos primeiros minutos do jogo foi mesmo o golo do médio holandês Tonny Vilhena, que apareceu sozinho ao segundo poste na sequência de um canto - foi o golo mais rápido de sempre sofrido pelos dragões em casa nas provas da UEFA, logo aos três minutos.

Se os portistas mudaram três peças em comparação com o onze apresentado na Rússia, com Saravia, Luis Díaz e Nakajima a surgirem nos lugares de Manafá, Romário Baró e Soares, os russos promoveram apenas uma alteração, mas supereficaz: saiu o dinamarquês Namli, entrou Shapi Suleymanov. E o jovem extremo russo de 19 anos, cujo nome merece ser fixado por quem gosta de acompanhar o futebol internacional, marcou o segundo (12') e o terceiro golo dos russos (34'), ambos no seguimento de transições rápidas, via prioritária da formação do leste europeu para chegar à baliza de Marchesín.

Com cinismo, objetividade e tremenda eficácia, o Krasnodar foi para intervalo a vencer por 0-3 perante um FC Porto sobre brasas, sempre muito em esforço e dependente de rasgos individuais, nomeadamente as chegadas à frente de Sérgio Oliveira, a liberdade de movimentos de Nakajima no espaço entre linhas na zona central e as arrancadas de Luiz Díaz na ala esquerda. Ainda antes do descanso, Sérgio Conceição deu mais pendor ofensivo à equipa ao trocar Saravia por Zé Luís, acrescentando mais presença na área, fazendo recuar Corona para lateral e passando Nakajima para o corredor direito.


Obrigado a anular três golos de desvantagem, algo que não consegue desde os tempos longínquos do Campeonato de Portugal, o vice-campeão nacional sofreu mais um dissabor no início da segunda parte. Desta vez não foi nenhum golo de Suleymanov mas sim a lesão de Sérgio Oliveira, que cedeu o lugar ao estreante Uribe.

Ainda assim, os portistas galvanizaram-se e passaram a jogar a um ritmo mais alto, circulando a bola com intensidade e fazendo-a chegar de um flanco ao outro com rapidez, à procura de desmontar as peças do bloco do adversário. Em certa medida, isso foi conseguido com o golo de Zé Luís, que no campeonato russo já tinha marcado cinco vezes ao Krasnodar, ao cabecear para o fundo das redes na resposta a um cruzamento de Alex Telles (57').

A cabeçada certeira do cabo-verdiano alimentou alguma esperança, mas o ritmo voltou a abrandar e o destino parecia traçado. Contudo, Luis Díaz, que vinha a dar boas indicações, repôs a crença através de um remate forte e colocado de fora da área, a passe de Corona (77'), atirando o jogo para uma reta final emocionante.

A vontade de chegar ao golo do apuramento foi muita, mas os estragos feitos no primeiro tempo revelaram-se irreparáveis. Antes deste percalço, o clube português apenas tinha sido eliminado uma vez em nove ocasiões em rondas preliminares, na época 2000-01, quando, depois de perder em Bruxelas, por 1-0, foi incapaz de dar a volta ao Anderlecht, empatando a zero no Estádio das Antas.

Capitão Danilo foi uma das surpresas no onze do FC Porto
O FC Porto, que a par do Bayern Munique era o terceiro clube com mais presenças na fase de grupos da Liga dos Campeões (23), vai cair de um pódio liderado por Barcelona e Real Madrid (24) e ficar sem um encaixe de 44 milhões de euros com o qual já estava a contar, depois de um investimento de 60 milhões no mercado de transferências - e de uma injeção de 88 milhões. Assim sendo, o único representante português na prova milionária será o Benfica, que vai para a 16.ª participação na fase de grupos e devido à eliminação portista já sabe que vai ficar alojado no pote 2 do sorteio de 29 de agosto, evitando assim defrontar equipas como Real Madrid, Atlético Madrid, Borussia Dortmund, Nápoles, Shakhtar Donetsk e Tottenham.

Ao FC Porto resta agora esperar por 30 de agosto para conhecer os adversários na fase de grupos da Liga Europa - é cabeça-de-série, tal como o Sporting -, que arranca a 19 de setembro.


A figura: Shapi Suleymanov

Jovem promessa do futebol russo, foi a única novidade no onze de Sergei Matveev em relação ao jogo da primeira mão e revelou-se uma aposta mais do que certeira. Rápido, tecnicista e com qualidade na tomada de decisão, desmarcou-se com facilidade nas costas da defesa portista para colocar o resultado em 0-2 aos 12 minutos. Depois, aos 34', aproveitou uma ausência temporária de Alex Telles - a ser assistido devido a queixas físicas - para explorar a menor apetência defensiva de Luis Díaz para transportar a bola em diagonal da direita para o meio e rematar de pé esquerdo para o fundo das redes de Marchesín.

Depois de dez golos em 29 jogos na época passada, o extremo de 19 anos promete ser um nome a seguir nas próximas temporadas no futebol internacional.


O resumo do jogo




Ficha de jogo

Jogo disputado no Estádio do Dragão, no Porto.

FC Porto - Krasnodar. 2-3.

Ao intervalo: 0-3.

Marcadores: 0-1, Tony Vilhena, 3 minutos; 0-2, Suleymanov, 12; 0-3, Suleymanov, 33; 1-3, Zé Luís, 57; 2-3, Luis Díaz, 77.

- FC Porto: Marchesín, Saravia (Zé Luís, 37), Pepe, Marcano, Alex Telles, Luis Díaz, Danilo, Sérgio Oliveira (Uribe, 49), Nakajima, Corona (Aboubakar, 86) e Marega.

Treinador: Sérgio Conceição.

- Krasnodar: Safonov, Petrov, Martynovich, Spajic, Ramirez, Kambolov, Cabella (Stotski, 80), Tony Vilhena, Suleymanov (Jón Fjóluson, 65), Berg (Ignatyev, 73) e Wanderson.

Treinador: Sergei Matveev.

Árbitro: Marco Guida (Itália).

Disciplina: cartão amarelo para Kambolov (38), Tony Vilhena (45), Marega (52), Stotski (82), Zé Luís (90+5) e Spajic (90+5).

Assistência: cerca de 48 000 espectadores.

















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