sábado, 16 de fevereiro de 2019

Vitória de Setúbal venceu pela última vez o FC Porto há 30 anos. E Mészáros ganhou 100 contos

Aparício foi o herói da última vitória sadina sobre o FC Porto
Estádio das Antas, 7 de maio de 1989. A tarde era supostamente de festa para o FC Porto, que estreava o painel eletrónico da sua casa e ainda sonhava ultrapassar o Benfica na liderança do campeonato, na antepenúltima jornada do campeonato. Mas o Vitória de Setúbal, de Manuel Fernandes, tinha outras ideias e venceu por 1-0, com um golo de Aparício, aos 55 minutos. Foi o último triunfo dos sadinos em jogos com os dragões.


"Foi a partir de um lance na esquerda. O Flávio partiu o lateral direito deles, cruzou para a área e eu de cabeça fiz o golo ao Vítor Baía. A partir daí foi saber defender", resumiu ao DN o herói desse jogo, que não esquece, não quer e não o deixam esquecer esse triunfo, o último dos sadinos em casa dos dragões. "Lembro-me perfeitamente, já falei disso 150 vezes e dá-me um nó no coração ver o Vitória atualmente comparado com o que era há 30 ou 40 anos", acrescentou o antigo avançado, 60 anos.

"Fomos jogar às Antas e fizemos um jogo fantástico. O Manuel Fernandes disse que íamos às Antas para ganhar, como íamos à Luz, a Alvalade ou a qualquer lado. Defendíamos bem e na frente criávamos oportunidades. Aconteceu lá e em tantos e tantos estádios", contou o atual treinador dos sub-23 do Cova da Piedade, que na altura como companheiros nomes como Mészáros, Edmundo, Hélio, Jordão e Tueba.

Fim da série invicta deu Benfica campeão

À mesma hora do FC Porto-Vitória de Setúbal, o Benfica recebia o Estrela da Amadora e em caso de triunfo sagrava-se campeão. Os encarnados venceram por 3-0, mas nem precisavam, pois o emblema setubalense deu uma ajuda preciosa, rompendo com uma série de 119 jogos em que o FC Porto não perdeu em casa para o campeonato. Foram sete anos, quatro meses e dez dias de invencibilidade dos dragões, quebrados naquela tarde.


Apesar da vitória, que ajudou a alcançar o quinto lugar final nessa edição do campeonato, não se seguiram grandes festejos. "Era normal naquela altura ganhar aos grandes. Jantámos e no dia a seguir... treino. O Mészáros apostou 100 contos com o Fernando Oliveira em como ganhávamos nas Antas e o presidente pagou na hora. O Mészáros era terrível, um guarda-redes fantástico", prosseguiu Aparício, acerca do guardião húngaro que antes tinha representado Sporting e Farense. "Éramos todos amigos e tínhamos uma equipa fabulosa. Íamos a qualquer lado e dávamos três ou cinco, não esperava que passados 30 anos o Vitória não voltasse a ganhar ao FC Porto", lamentou o antigo internacional português, igualmente autor do golo do último triunfo dos setubalenses no terreno do Benfica, cerca de dois anos antes, a 30 de agosto de 1987.

Desde aquela tarde primaveril de 1989, os dois clubes já se defrontaram por 55 vezes nos vários campos e competições, mas o melhor que os sadinos conseguiram foram seis empates - 3-3 em 1993/94, 2-2 em 1996/97, 1-1 em 1997/98 e 2016/17 e 0-0 em 2005/06 e 2016/17. E os dragões chegaram a estar 27 jogos consecutivos sempre a vencer, entre 2006 e 2016.

"O Vitória é o melhor clube do mundo"

Apaixonado por Setúbal, onde reside, e pelo Vitória, onde trabalhou como administrador da SAD e treinador dos juniores, Aparício não esquece o clube do coração. "O Vitória vive momentos de aflição mas vai dar a volta por cima. É um clube grande e que merece tudo de bom. Costumo dizer que é o melhor clube do mundo. É diferente de todos os outros. Basta ver que há jogadores em dificuldades que vão para a Setúbal e relançam as carreiras. Estou nos sub-23 do Cova da Piedade, mas o Vitória será sempre o Vitória. Habituei-me a jogar, a jogar bem e a ganhar em Setúbal", confessou, crente numa vitória sadina no Dragão este sábado (20.30).

"Acho que o Vitória é capaz de chegar lá e aproveitar esta má fase do FC Porto. Tem aqui uma oportunidade para dar uma machadada. Tenho fé num excelente resultado", vaticinou, sem arriscar num sucessor como herói no reduto portista mas desejando um desfecho improvável: "Gostava que fosse uma vitória por 1-0 aos 95 minutos e que a bola batesse no árbitro e entrasse."
















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