domingo, 17 de fevereiro de 2019

Karim Benzema, o subvalorizado goleador altruísta

Benzema está no Real Madrid desde o verão de 2009
Zero presenças nos melhores onzes anuais da FIFA, da UEFA ou até da liga espanhola e zero presenças entre o Top15 da Bola d’Ouro, mas quatro Ligas dos Campeões no currículo e todas na condição de titular – indiscutível, acrescento eu. Com a concorrência de Higuaín (2009 a 2013) e Morata (2010 a 2014 e em 2016/17), tantos avançados por aí e tanto dinheiro para gastar, o Real Madrid ainda não abdicou dele e já passaram quase dez anos desde a sua contratação: eis Karim Benzema.


Polémico fora dos relvados, mal-amado por não marcar ao ritmo de Cristiano Ronaldo, o avançado francês de 31 anos é, sobretudo, incompreendido. Incompreendido porque a sua qualidade de jogo vai muito além da estatística, expressando-se num altruísmo tão importante quanto invisível, que beneficia a equipa e o próprio aos olhos do treinador, mas que o prejudica nas avaliações por parte da imprensa e dos adeptos.

Com um espírito coletivo que contrasta com o tradicional egoísmo dos grandes avançados, Benzema vê muito mais à frente do que a baliza. Vê a possibilidade de dar um apoio frontal a um médio, compensar a ausência de um extremo no corredor, ajudar na criação dos ataques e atrair, arrastar e confundir os defesas apenas com movimentos. Pode até não estar envolvido na jogada de um golo como o marcador ou o assistente, mas, puxando a cassete atrás, lá aparece ele a fazer alguma coisa de importante para que a mesma conhecesse aquele desfecho.


Durante nove anos, foi uma grande muleta para Cristiano Ronaldo no Real Madrid. Quantas vezes participou na criação do ataque? Quantas vezes atraiu os defesas para saírem de um espaço que depois ficou vazio? Quantas vezes foi pressionar ou importunar um defesa? 

Dito assim, até parece tratar-se de um jogador limitado, apenas razoável e que faz da interpretação tática a principal qualidade, mas não deixa de ser dos avançados tecnicamente mais capazes e completos do mundo. E sim, também marca imensos golos. Sem darmos muito por isso, aparece no Top10 de vários rankings: 9.º artilheiro de sempre da seleção francesa, com 27 golos em 81 jogos; 6.º melhor marcador da história do Real Madrid, com 211 golos em 450 jogos (tem melhor média de golos por jogo do que Raúl, Santillana e Butragueño); e 4.º (!) principal goleador da Taça/Liga dos Campeões, com 60 golos em 111 jogos (com melhor média do que Raúl, Henry, Shevchenko e Ibrahimovic).

Se não é subvalorizado, é o quê?













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