sábado, 12 de janeiro de 2019

Medo de perder deixou Sporting longe do título e FC Porto sem bater recorde

Gudelj e Marega em disputa de bola no clássico de Alvalade
Num clássico em que Sporting e FC Porto tiveram mais medo de perder do que vontade de ganhar, as duas equipas repetiram o resultado da época passada e empataram a zero em Alvalade, um resultado que impede os dragões de bater o recorde de vitórias consecutivas em Portugal - embora tivessem igualado o máximo de 18 triunfos estabelecido pelo Benfica de Jorge Jesus em 2010/11 - e de terminar a série negativa de 14 partidas sem vencer no reduto do rival, mas que castiga mais o leão, que vai entrar na segunda volta na quarta posição e a oito pontos do líder.


Apesar da importância e do grau de dificuldade do desafio, leões e dragões resistiram à tentação de reforçar o meio-campo e acabaram por apresentar os onzes habituais, ainda que adotando uma postura mais cautelosa do que nos encontros das jornadas anteriores.

O FC Porto entrou melhor, com mais bola e a conseguir jogar no meio-campo adversário, mas sem chegar com perigo à área adversária - zero remates enquadrados na primeira parte -, até porque os dois conjuntos anularam-se mutuamente a meio-campo, reduzindo o espaço e tapando as linhas de passe. O Sporting foi soltando as amarras a partir do quarto de hora inicial, procurando sobretudo explorar os momentos de contra-ataque para apanhar o adversário desequilibrado, mas o melhor que conseguiu foi um remate de Nani intercetado por Felipe (35 minutos) e outro de Bas Dost que saiu à figura de Casillas (45').

Pelo meio, Sérgio Conceição - que continua sem vencer em Alvalade como treinador, ao sexto jogo - viu-se obrigado a promover uma substituição forçada, devido a lesão de Maxi Pereira, fazendo entrar Óliver para o meio-campo e recuar Corona para o lado direito da defesa.

FC Porto surpreende com troca de sistema

No segundo tempo, os portistas surpreenderam ao entrar em 4x2x3x1, abandonando a fórmula inicial de 4x4x2 para encostar Marega mais ao corredor direito e preencher a zona central com Danilo e Óliver nas costas de Herrera, com Soares como único ponta de lança. A mudança surtiu alguns efeitos, pois até à hora de jogo o FC Porto criou as suas únicas ocasiões de golo: uma finalização de Soares defendida por Renan (56') e um remate de Marega ao lado (60').

O jogo tornou-se um pouco mais partido com o desenrolar dos acontecimentos, mas o Sporting, que ficou privado do lesionado Bruno Gaspar no início da segunda parte, só criou perigo através de remates de fora da área. Bruno Fernandes (62') e Gudelj (77') bem encheram o pé, mas do outro lado estava um experiente e muito concentrado Iker Casillas. Bas Dost, de regresso ao onze após ter falhado o duelo com o Tondela, continua sem marcar ao FC Porto.



Figura: Iker Casillas


Num clássico em que os setores defensivos de Sporting e FC Porto se evidenciaram, o prémio de figura do jogo não ficaria mal entregue a qualquer um dos quatro centrais ou até mesmo aos médios mais recuados de cada equipa. Todos estiveram intransponíveis mas, por ser a última barreira, acabou por ser Iker Casillas a brilhar com mais intensidade.

O veterano guarda-redes espanhol de 37 anos não teve uma tarde de muito trabalho, mas nunca perdeu o foco por ver a bola quase sempre longe da sua baliza. Os momentos altos da sua exibição foram duas excelentes estiradas a remates de fora da área de Bruno Fernandes, aos 62 minutos, e de Gudelj, aos 77, que deixaram os leões ainda mais longe do título nacional.

San Iker, como ficou conhecido pelos adeptos do Real Madrid, mostrou igualmente grande eficiência em situações de menor protagonismo como no jogo de pés ou nas saídas de entre os postes, revelando visão de jogo para ganhar os lances na antecipação. Mesmo quando falhou um passe e atirou a bola pela linha lateral, não facilitou.

A viver a quarta temporada no futebol português, Casillas busca o segundo bicampeonato da carreira, depois ter vencido consecutivamente a liga espanhola em 2006/07 e 2007/08 pelo emblema merengue. Pedra basilar na equipa de Sérgio Conceição como no Real Madrid dessas épocas, o espanhol já fez esquecer o período da temporada passada em que foi suplente de José Sá.


Ficha de jogo

Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa).

Assistência: 45.174 espetadores.

Sporting: Renan, Bruno Gaspar (Ristovski, 47), Mathieu, Coates e Jefferson; Gudelj, Bruno Fernandes e Wendel (Petrovic, 90); Nani, Diaby (Raphinha, 81) e Bas Dost.

Treinador: Marcel Keizer.

FC Porto: Casillas, Maxi Pereira (Óliver, 43), Militão, Felipe, Alex Telles, Herrera, Danilo (Hernâni, 83), Brahimi, Corona, Marega e Soares (Fernando Andrade, 75).

Treinador: Sérgio Conceição.

Disciplina: cartão amarelo para Herrera (11), Jefferson (16), Bruno Fernandes (33), Felipe (39), Coates (85), Raphinha (87), Marega (89) e Fernando Andrade (90+4).




Veja aqui o resumo do jogo






















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