Gonçalo Gregório vive a época mais produtiva da carreira |
Nem Jonas, nem Bas Dost, nem Marega. E quem se aproxima mais na I Liga é Dyego Sousa, do Sp. Braga, com 11 golos. O melhor marcador das competições nacionais dá pelo nome de Gonçalo Gregório, joga no Campeonato de Portugal ao serviço do Casa Pia e leva 17 remates certeiros em 14 partidas (média de 1,2 por jogo), entre campeonato e Taça de Portugal. Nem Lionel Messi, com 14 golos em todas as provas, ou Cristiano Ronaldo, com nove, superam o arranque goleador do avançado da equipa de Pina Manique.
Filho de Rui Gregório, antigo central do Belenenses, não seguiu as pisadas do pai, preferindo fazer a vida negra aos defesas que encontra pela frente. Aos 23 anos, vive a época mais produtiva da carreira - superando os 14 golos em 2015/16 também pelo Casa Pia -, embora estejamos ainda em novembro. Depois de não ter tido oportunidade nos azuis do Restelo, aos quais esteve vinculado enquanto sénior, e de ter passado pelo Leixões, recuou ao terceiro escalão mas apenas para ganhar balanço. "O meu objetivo é chegar à I Liga e creio que tenho condições para isso. Penso que está para breve. E como há muito poucos, quer afirmar-me como um ponta de lança português que faz golos", revelou ao DN o goleador dos gansos, que se define como um ponta de lança "oportunista" e com capacidade para "como se diz na gíria, cheirar o golo". "O ponta de lança vive de golos".
O salto para a I Liga, admite, é "possível" que aconteça já em janeiro. "Não depende só de mim. O meu trabalho é feito no campo. Como a minha função é marcar golos, quero chegar a internacional e ajudar o meu país a ganhar algo", vincou, ambicioso.
Matrícula congelada e Rúben Amorim
Avançado do Casa Pia leva 17 golos em 14 jogos em 2018/19 |
A produtividade desta temporada "é o resultado do trabalho de vários anos", mas o goleador da equipa de Pina Manique confessa que está "sereno e mais maduro", depois de "boas e más experiências". "Entro nos jogos para marcar golos. O objetivo é sempre marcar um golo por jogo. No início da época, tinha dado uma entrevista a dizer que estava no meu melhor ano tanto a nível físico como mental. Hoje alimento-me melhor, faço as coisas nas alturas certas, fico com a minha namorada em casa a descansar e faço mais trabalho específico", contou, preferindo não pensar em segurar a liderança dos artilheiros das provas nacionais até final da época, embora considere que seja "possível": "Quero atingir o clube a atingir os seus objetivos."
Para se focar no futebol e continuar de pé quente, Gonçalo Gregório deixou "a matricula no curso de desporto congelada", mas não vai deixar o ensino superior para trás. "Quando tiver 40 anos já não estarei a jogar. Tenho que ter um plano B. Ainda não pensei muito no que quero ser, mas quero ficar ligado a eventos desportivos", afirmou, agradado com os métodos do seu treinador, Rúben Amorim.
"Tem muito boas ideias e faz parte de uma nova geração de treinadores que trabalha sempre com bola e virados para o jogo. Tem sido muito bom porque é um treinador que chega perto dos jogadores, dá-se bem com todos e quer potenciar todos", narrou, em alusão ao antigo internacional português de 33 anos, que esta temporada se estreia no comando técnico de uma equipa.
Uma cena habitual nos domingos de Gonçalo Gregório |
Um no banco e outro a marcar golos em catadupa, ambos têm estado em alta, conduzindo o Casa Pia ao segundo lugar da Série D do Campeonato de Portugal, a um ponto do líder Praiense, e à quarta eliminatória da Taça de Portugal, estando agendado para este domingo (15.00) uma visita ao vice-líder da II Liga, o Paços de Ferreira. "Temos um bom grupo, a equipa tem-me ajudado muito. Temos capacidade para lutar por coisas boas, ultrapassar todas as etapas e chegar a cada jogo preparados para vencer. Este jogo com o Paços não foge à regra", elogiou, desvalorizando o possível efeito da partida deste fim de semana para a sua ascensão profissional em caso de tomba-gigantes. "Acho que pode ser uma montra, mas hoje em dia já ninguém contrata um jogador por um bom jogo, mas sim pela regularidade e várias ações bem feitas durante vários jogos. Esperamos passar a eliminatória, temos tudo para isso", atirou, bem-disposto.
À terceira será de vez?
Formado no Belenenses, dividiu o primeiro ano de sénior entre Loures e Casa Pia. Continuou em Pina Manique na época seguinte, ainda por empréstimo dos azuis do Restelo, mas 14 golos não chegaram para convencer o treinador de então, Julio Velázquez. "Vinha de uma boa época, mas não fui chamado para fazer a pré-época, não me foi dada a oportunidade", lamentou.
"Depois, apareceu o Leixões, onde apanhei uma equipa muito jovem, que estava em evolução - de lá saíram Bruno Lamas e o João Lucas, que estão no Santa Clara, o Chiquinho, que está no Moreirense, e o Eustáquio, que está no Desp. Chaves. Era uma equipa com muita qualidade mas que não tinha experiência", prosseguiu, tendo deixado o emblema de Matosinhos ao cabo de meia época, voltando ao Campeonato de Portugal. Primeiro para o Farense, depois para o Vilafranquense e novamente para o Casa Pia, onde permanece desde janeiro. Agora, mais do que nunca, tem para amostra números que o podem levar pela terceira vez a clubes das ligas profissionais.
Objetivo do avançado passa por chegar rapidamente à I Liga |
Para tal, tem contado com os conselhos do pai, um central que "era competitivo e tinha qualidade". "Se calhar vi mais vídeos dele do que jogos ao vivo", confessa, até porque tinha oito anos quando Rui Gregório pendurou as botas, em 2004. "Costumamos falar antes de cada jogo. Diz-me para estar focado e tranquilo que o golo vai aparecer, que mais cedo ou mais tarde vou aproveitar uma oportunidade e para ser paciente, que as coisas vão surgir. Ele não me dá dicas sobre os centrais adversários, fala-me de mim e do que é que eu tenho de fazer", rematou, em alusão ao defesa que representou Belenenses, V. Setúbal, Tirsense, Felgueiras, Santa Clara, Desp. Chaves e Atlético.
Neste caso não se aplica o ditado "filho de peixe sabe nadar", mas poderá dizer-se que filho de central sabe marcar. Com 17 golos, vai levando a melhor sobre Dyego Sousa do Sp. Braga (11) e João Paredes do Desp. Chaves Satélite (10). Ainda atrasados após se terem debatido com lesões, o sportinguista Bas Dost (5) e o benfiquista Jonas (4) prometem dar luta.
Link original: https://www.dn.pt/desportos/interior/melhor-goleador-das-provas-nacionais-joga-no-casa-pia-e-supera-ronaldo-e-messi-10214940.html
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