terça-feira, 16 de outubro de 2018

Beira-Mar Almada quer promover jogadores em época tranquila

Emanuel Mesquita vai estrear-se na I Distrital

Em Cacilhas mora um clube modesto que ano após ano termina na segunda metade da tabela – a exceção foi o 8.º lugar em 2012/13 -, mas que com maior ou menor dificuldade consegue assegurar a permanência. Tem sido assim desde 2009, quando regressou à I Distrital.

Agora, o Beira-Mar Almada apresenta um novo treinador e uma equipa remodelada, mas o “grande objetivo” continua a passar pela manutenção. Por aí e pela promoção de jogadores para patamares competitivos superiores. O extremo André Silva já esteve à experiência no Oriental, do Campeonato de Portugal, mas o objetivo passa por poder proporcionar essa oportunidade a mais atletas.

“Queremos promover jogadores para outras realidades. Esse é o nosso principal objetivo, mais do que objetivos coletivos. Com as limitações que temos, com o nosso campo e um orçamento que não existe - não pagamos nada -, não conseguimos atrair jogadores que outras equipas conseguem”, começou por contar o técnico Emanuel Mesquita a O Blog do David.


O timoneiro cacilhense, 34 anos, terá ao seu dispor seis atletas que transitam da época passada (Rafael Pedreira, Wilson, Gonçalo Inácio, Fábio Vaz, Jere e Nené) e uma espécie de sobras da Margem Sul. “A equipa foi construída aos poucos, porque os tubarões da Margem Sul andaram a escolher bem e a introdução das equipas sub-23 e B do Cova da Piedade veio condicionar muito. Os jogadores ficaram à espera de saber se ficavam no Cova da Piedade e só depois se comprometeram connosco”, explicou o ex-treinador do Santo António de Lisboa, que ainda assim garante ter recrutado jogadores que estavam na base de dados da sua equipa técnica e que correspondem ao perfil que considera adequado: “Bons tecnicamente e com capacidade para saltar para outros patamares a curto ou médio prazo.”

Dimensões do campo têm atrapalhado

Com 95 metros de comprimento e 56 de largura, o Campo de Jogos do Beira-Mar Almada é o segundo menos comprido – a par do Charneca de Caparica – e o segundo menos largo, sendo apenas superado em ambas as medidas pelo Municipal da Bela Vista, onde atua o FC Setúbal.

Equipa cacilhense ainda está a adaptar-se ao próprio campo
A adaptação a um terreno de jogo com dimensões muito singulares na competição poderá fortalecer o fator casa, mas por enquanto o campo tem… atrapalhado. “Cria-nos muitas dificuldades, sobretudo aos jogadores mais técnicos, mas não tão fortes fisicamente. Acabamos por sentir-nos um bocadinho prejudicados em relação a isso, mas temos estado a adaptar-nos”, confessou Emanuel Mesquita, que espera ser bem-sucedido como anfitrião já este domingo (15.00) na receção ao Alfarim, a contar para a jornada inaugural da I Distrital.


“Para alguns dos nossos objetivos não é uma vantagem, porque queremos promover jogadores e neste campo torna-se difícil potenciar determinadas características. Por outro lado, o facto de treinarmos no campo e de jogarmos lá mais vezes vai ter de nos dar algumas vantagens, como é óbvio. Temos que arranjar forma de utilizar isso a nosso favor. Não tem sido fácil, porque o grupo é novo, tem muita gente nova e gente ainda a conhecer-se. Acredito que a curto prazo seja uma vantagem jogar em casa para nós”, reforçou o técnico que orientou escalões jovens do vizinho Almada entre 2012 e 2014.

“Candidatos? Fabril… de longe… de longe!”

Logo no começo da conversa, Emanuel Mesquita referiu que a I Distrital “é uma divisão muito competitiva e um nível competitivo alto”, sobretudo esta época, em que há “investimentos fortes por parte de algumas equipas”.


Mais à frente, quando questionado sobre os candidatos à promoção aos campeonatos nacionais, não hesitou em destacar um. “O Fabril… de longe… de longe!”, exclamou. “O Fabril tem jogadores com 150 jogos no Campeonato de Portugal, que já foram profissionais, e está a fazer um investimento muito elevado”, prosseguiu. “Depois há equipas como o Oriental Dragon, que fez um investimento muito grande; o Barreirense, que faz sempre um investimento bom; e o Cova da Piedade B. Esses quatro parecem-me ser os quatro grandes candidatos, não descurando o Vasco da Gama, O Grandolense e o U. Santiago – têm capacidade financeira e é sempre difícil tirar jogadores de lá”, acrescentou Emanuel Mesquita, que guiou o Beira-Mar Almada à segunda fase da Taça AFS, após um segundo lugar na Série C, atrás do Alfarim e à frente de Águas de Moura, Pescadores, Almada e Zambujalense.

"O desempenho foi de um modo geral positivo. Conseguimos o principal objetivo, que era passar. Utilizámos todos os jogadores disponíveis e inclusivamente um júnior, que fez 90 minutos, e conseguimos testar algumas situações que tínhamos planeadas. Fomos a melhor defesa do grupo [seis golos sofridos]. A segunda fase é jogo a jogo e, como é a eliminar, não resta outra hipótese que não lutar para ganhar", considerou.

Conhecedor dos campeonatos distritais de Lisboa, onde orientou o Santo António e escalões jovens de Belenenses e Atlético; de Portalegre, onde foi adjunto do Eléctrico; e de Santarém, onde estudou; o jovem treinador dos cacilhenses tece elogios à I Distrital de Setúbal. “As melhores equipas de Setúbal estão ao nível das melhores equipas de Lisboa. Mas depois, tirando os três ou quatro melhores, acaba por ser mais equilibrado do que em Lisboa. Há maiores diferenças em Lisboa na Pró-Nacional do que em Setúbal na I Distrital. Em Lisboa há três ou quatro equipas mais fracas que as outras todas e há sempre cinco ou seis mais fortes do que as restantes”, explicou o novo técnico do 13.º classificado nas últimas duas temporadas.










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