segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Era pós-Suk começa com passos em falso

Rúben Semedo foi um dos melhores do Vitória em Paços

Liga | Paços de Ferreira 2-1 Vitória


No primeiro encontro após a venda (ainda não oficializada) de Suk para o FC Porto, o Vitória começou com dois passos em falso, ao sofrer um golo logo aos 3 minutos, através de Bruno Moreira. Um passo em falso de Gorupec, ao colocar em jogo o avançado pacense, outro de Venâncio, que viu o autor do golo fugir-lhe à marcação.  

Havia a expetativa em saber como os sadinos iam reagir a situação tal adversa sem o seu maior solucionador de problemas da primeira volta e depois de terem sido goleados pelo Sporting na última jornada, mas estes mostraram excelente atitude.


Se numa primeira instância os pacenses se mostravam dominantes, aparentando estar em superioridade numérica praticamente em todas as zonas do campo, a partir dos 10/15 minutos os homens de Jorge Simão passaram a defender de uma forma mais macia, permitindo aos setubalenses reagir.

E nessa reação, deu para ter uma ideia do que será o Vitória sem Suk: uma equipa menos de transições, pois ficou sem a sua grande referência nas primeiras bolas, e mais de posse de bola (53 por cento, provavelmente a maior percentagem da temporada), tentando praticar um futebol apoiado. E nesse futebol de pé para pé, a grande referência dá pelo nome de André Horta, elemento pelo qual passa grande parte da manobra ofensiva. Prova disso foi o lance do golo do empate (27’) e a jogada que culminou num remate de Ruca à malha lateral (39’), sempre com o jovem médio sadino como obreiro do último passe.

Isso foi no primeiro tempo. O segundo foi bem diferente. O Paços de Ferreira voltou a ser uma equipa pressionante, coesa e a procurar ter superioridade numérica na zona da bola. Faltava agressividade no ataque – Diogo Jota eclipsou-se -, mas uma grande penalidade cometida por Gorupec sobre Edson Farias, num lance pouco prometedor, acabou por deitar tudo a perder para os vitorianos.

Ainda havia praticamente meia hora para jogar, mas os sadinos foram incapazes de chegar pelo menos à igualdade, até porque na faltou fôlego aos titulares e mais soluções de qualidade no banco.

Palavra ainda para a entrada duríssima de Romeu sobre Costinha no final da primeira parte, punida apenas com cartão amarelo mas que para a unanimidade de adeptos – provavelmente até para os mais fanáticos pacenses – e comentadores, devia valer expulsão. Terá sido um dos poucos erros de Cosme Machado, que ainda assim não se deverá livrar de uma machadada no relatório do observador.



Ficha de jogo


Liga – 17.ª jornada

Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira


Paços de Ferreira (4x3x3): Marafona; João Góis, Ricardo c, Marco Baixinho e Hélder Lopes; Pelé, Romeu e André Leal (Edson Farias, int.); Barnes (Manuel José, 78), Bruno Moreira (João Silva, 84) e Diogo Jota

Suplentes não utilizados: Rafael Defendi (GR), Bruno Santos, Fábio Cardoso e Christian

Treinador: Jorge Simão

Disciplina: Cartão amarelo a André Leal (22), Barnes (28), Romeu (45+2) e Marafona (90+3)


Vitória (4x1x3x2): Raeder; Gorupec, Frederico Venâncio c, Rúben Semedo e Nuno Pinto; Fábio Pacheco; Costinha, André Horta (Dani, 87) e Ruca (Arnold, 72); Vasco Costa (Hassan, 82) e André Claro

Suplentes não utilizados: Miguel Lázaro (GR), William Alves, Paulo Tavares e Miguel Lourenço

Treinador: Quim Machado

Disciplina: Cartão amarelo a Frederico Venâncio (17), Vasco Costa (29), Rúben Semedo (37 e 88), Fábio Pacheco (54) e Gorupec (63); Cartão vermelho por acumulação a Rúben Semedo (88)


Árbitro: Cosme Machado (AF Braga), assistido por Alfredo Braga e José Gomes, com Gonçalo Martins como 4.º árbitro


Golos


1-0, por Bruno Moreira (3). Na resposta de um cruzamento tenso de João Góis pela direita, Bruno Moreira, no limite do fora de jogo, cabeceou para o fundo das redes. 

1-1, por André Claro (27). Após um cruzamento de André Horta, André Claro numa primeira instância remata ao primeiro poste para interceção de Marco Baixinho, mas a bola acaba por ressaltar em Ricardo e voltar ao avançado sadino, que aí atirou para o fundo das redes.

2-1, por Bruno Moreira (64, g.p.). Grande penalidade muito bem executada pelo avançado português, que colocou a bola junto ao poste esquerdo (na sua perspetiva), fora do alcance de Raeder.



Estatísticas (Paços de Ferreira-Vitória)


Posse de bola (%): 47-53

Ataques: 21-25

Remates: 11-11

Cantos: 4-5

Faltas cometidas: 19-21

Foras de jogo: 1-4



Apreciação individual


Raeder: Não teve hipóteses nos golos pacenses, tendo inclusivamente estado a poucos centímetros de defender a grande penalidade que deu o 2-1. Bela intervenção na resposta a um livre bem executado por Hélder Lopes (38’) e a um remate colocado de Edson Farias (90+3’).

Gorupec: Estava a colocar Bruno Moreira em jogo no lance do 1-0 e cometeu a grande penalidade (e foi amarelado) que originou o 2-1, ao fazer falta sobre Edson Farias. O lado direito da defesa continua a ser um calcanhar de Aquiles para o Vitória.

Frederico Venâncio: Bruno Moreira atacou o seu raio de ação para cabecear para o golo inaugural, não ficando, por isso, isento de responsabilidades. Amarelado por travar em falta Diogo Jota, que conduzia um contra-ataque (17’).

Rúben Semedo: À imagem do seu companheiro de eixo defensivo, também viu o primeiro cartão amarelo por travar em falta o velocíssimo Diogo Jota (37’). Foi rei no jogo aéreo e acumulou alguns cortes difíceis com as pernas, fazendo uso da sua agilidade. Procurou oferecer outro tipo de soluções à equipa ao sair a jogar até à entrada do meio-campo do Paços de Ferreira. Já a terminar o encontro, viu o segundo amarelo e consequente vermelho por infração sobre João Silva (88’), reduzindo a equipa a apenas dez unidades e desfalcando-a na visita ao Bessa, na próxima jornada.

Nuno Pinto: Permitiu o cruzamento de João Góis que deu origem ao 1-0. Exceção feita a essa jogada, exibiu-se a bom nível.

Costinha soltou-se pouco do ponto de vista ofensivo
Fábio Pacheco: Voluntarioso e bem colocado, foi um exímio recuperador de bolas a meio-campo. Depois de ter cometido várias infrações, viu o cartão amarelo por falta sobre Pelé, aos 54 minutos. Esteve pertíssimo do 2-2 aos 90+2’, ao cabecear ao lado na sequência de um cruzamento de André Claro.

Costinha: Foi vítima de uma entrada violentíssima de Romeu, que apenas foi punível com cartão amarelo (45+2’). Das poucas vezes em que se conseguiu soltar do ponto de vista ofensivo, rematou com perigo mas por cima (83’).

André Horta: Beneficiou da maior percentagem de posse de bola relativamente a outros encontros para mostrar a sua qualidade de passe e visão de jogo, e a equipa beneficiou disso. Apareceu muito no corredor esquerdo e foi a partir desse flanco que contribuiu para o golo do empate, ao fazer o cruzamento para André Claro. Sublime a forma como desmarcou Ruca (39’) e Vasco Costa (77’), em lances em que os companheiros pecaram na finalização. Após uma belíssima primeira parte, perdeu gás na segunda, tendo sido substituído com alguma naturalidade já na reta final, quando já se encontrava esgotado.

Ruca: Esteve muito perto de marcar aquele por duas vezes; aos 13 minutos, ao rematar bastante colocado mas ao lado na execução de um livre direto muito perto da área pacense; e aos 39, ao atirar à malha lateral. Sempre que aparecia no último terço não hesitava, cruzando tenso para a zona de finalização.

Vasco Costa: Viu o cartão amarelo por falta sobre Hélder Lopes (29’), com o intuito de parar o jogo num momento em que Gorupec estava caído no relvado. Raramente ganhou uma primeira bola pelo ar, o que motivou algumas saudades de Suk. Teve o 2-2 nos pés, mas Marafona fez a mancha e negou-lhe o golo (77’).

Golo de André Claro soube a pouco para os sadinos
André Claro: Oportunista, não marcou à primeira mas fê-lo à segunda, no lance que restabeleceu a igualdade. Esteve ativo no papel de segundo avançado, apresentando bastante mobilidade e recuando até ao centro do terreno, se necessário, para pegar na bola. Chegou ao oitavo golo na Liga, reforçando o estatuto de segundo melhor marcador português do campeonato, apenas superado por… Bruno Moreira (11).

Arnold: Mostrou entrega durante o tempo que esteve em campo, embora os cruzamentos nunca lhe tivessem saído de feição.

Hassan: Praticamente nem tocou na bola.

Dani: Foi lançado para refrescar o meio-campo nos últimos minutos.



Outras notas


O guarda-redes sadino Ricardo continua de fora, devido a uma luxação na clavícula direita contraída na partida com o Tondela, a 20 de dezembro. Além deste encontro, também falhou os duelos com SC Braga e Sporting.

Rúben Semedo regressou às opções de Quim Machado, depois de ter ficado de fora no jogo com o Sporting, precisamente por se encontrar emprestado pelos leões.

Suk transferiu-se do Vitória para o FC Porto, com os setubalenses a receberem €1,5 milhões por 70 por cento do passe do sul-coreano, que vai assinar até junho de 2020. Os restantes 30 por cento do passe pertencem ao empresário do avançado asiático. O jogador viajou para a cidade invicta no sábado.

O avançado camaronês Meyong, 35 anos, prepara-se para regressar ao Vitória, que já representou entre 2000 e 2005 e 2012 e 2013. O próprio jogador já confirmou que vai assinar contrato em breve.

Médio ofensivo Telmo Castanheira, 23 anos, que representa o Felgueiras 1932, do Campeonato de Portugal (terceiro escalão), está referenciado pelo Vitória.

Segundo o portal italiano Calcio News, André Claro deverá transferir-se para o Torino no final da época, com os vitorianos a receberem €1,5 milhões.

Este foi um jogo especial para Fábio Pacheco, pois foi formado no Paços de Ferreira, clube pelo qual se estreou na Liga, em maio de 2009. Dani também regressou à Capital do Móvel, por onde passou em 2006/07.

O extremo pacense Manuel José reencontra o Vitória, clube pelo qual alinhou em 2003/04 e 2004/05, tendo pelos sadinos alcançado uma subida de divisão e conquistado uma Taça de Portugal, para a qual contribuiu com um golo na final, frente ao Benfica (2-1). O avançado João Silve também já alinhou pelos setubalenses, em 2011/12.

Os lesionados Miguel Vieira e Paulo Henrique constituíram o lote de ausentes do Paços de Ferreira para este encontro.

Boavista (próximo adversário do Vitória), Arouca, FC Porto, Wisla Cracóvia (Polónia), Atalanta (Itália), Arsenal, Aston Villa e West Ham (Inglaterra), Lille e Nice (França), Barcelona e Granada (Espanha) e Colónia (Alemanha) estiveram na Mata Real em missão de espionagem.

Costinha estava em risco de exclusão, mas não viu qualquer cartão amarelo.



Números


Depois da saída de Suk (1366 minutos), André Claro voltou a ser o jogador do Vitória com mais minutos na Liga (1441), seguido de perto por Frederico Venâncio (1440).

Este foi o 27.º jogo entre Paços de Ferreira e Vitória no campeonato português. A vantagem é pacense, com 14 triunfos contra oito dos setubalenses (cinco empates). Se contabilizarmos apenas os jogos na Capital do Móvel, o Paços leva dez vitórias, dois empates e dois desaires (em 14 partidas), o último dos quais a 21 de janeiro de 2006 (1-2), ou seja, há praticamente dez anos.

Na temporada transata, o Vitória só atingiu os 22 pontos à 25.ª jornada e em 34 rondas ficou-se pelos 24 golos marcados (já tem 28 em 2015/16).

Os sadinos já não somavam 22 ou mais pontos à 17.ª jornada desde 2007/08 (25) e não tinham tantos golos (28 ou mais) marcados à mesma ronda desde 1993/94 (28).

O Vitória soma duas derrotas consecutivas na Liga, algo que já não acontecia desde maio.



Outras análises











Vitória – Rio Ave (Oitavos de final da Taça de Portugal): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/o-vilao-nao-virou-heroi-mas-nao-merecia.html





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