quarta-feira, 25 de março de 2015

A estranha época leonina

 Com o campeonato a entrar nas derradeiras jornadas, praticamente já arredado da luta pelo título, com remotas hipóteses de chegar ao 2.º lugar e com o 3.º livre de perigo, é possível fazer um rescaldo do desempenho do Sporting na dita prova de regularidade.

É praticamente unânime que o último lugar do pódio parece estar em sintonia com os meios financeiros e qualidade dos seus jogadores, comparativamente ao duo da frente (Benfica e FC Porto) e às restantes equipas com ambições europeias, nomeadamente o SC Braga. No entanto, analisando os resultados na Liga, dá a sensação de que, mais do que falta de qualidade, a formação leonina acusou mais a falta de maturidade e experiência.


Causa estranheza que as duas derrotas sofridas tenham sido por 0-3. Tudo bem que nos terrenos de Vitória de Guimarães e FC Porto quando estes atravessavam as suas melhores fases da temporada, mas não deixa de ser estranho e parece não refletir a capacidade dos verde e brancos.

Causará ainda mais estranheza quando uma equipa que pela primeira vez em vários anos não perde na Luz e passa uma temporada sem ser derrotado pelo eterno rival Benfica, vence no Dragão para a Taça de Portugal e supera com êxito deslocações tradicionalmente difíceis como a de Braga e as duas do Funchal (falta ainda Mata Real e Vila do Conde), fique com o destino traçado por aquilo que fez em casa em jogos teoricamente mais fáceis. Foram os empates em Alvalade com Moreirense, Paços de Ferreira e Belenenses, aos quais mais associamos falta de atitude (sobretudo nas primeiras partes) do que falta de capacidade para vencer que tiraram a possibilidade do Sporting estar neste momento a discutir o 1.º lugar.

Olhando para a classificação, o lugar dos leões parece ser o natural, mas há ilações a tirar quando a equipa consegue fazer o mais difícil e falha no aparentemente mais fácil. A falta de experiência e de maturidade não são apenas desculpas. Uma equipa jovem como esta acusou, sem sombra de dúvidas, a presença na Liga dos Campeões. Mais na cabeça no que nas pernas, quer por antecipação, quer por ressaca.

O tal empate caseiro com o Belenenses foi a quatro dias da ansiada estreia na Champions, com o Maribor. A pesada derrota em Guimarães foi em vésperas de vingar o que aconteceu em Gelsenkirchen, com o Schalke em Alvalade. Quatro dias depois da vingança, com excelente exibição, veio a igualdade com os pacenses. Após a partida de Stamford Bridge, que implicou muito esforço e teve um sabor inglório, houve o 1-1 com o Moreirense, apenas conseguido nos instantes finais.  

Com as competições europeias fora da mente dos jogadores por alguns meses, veio o tal ciclo vitorioso na Liga, que só terminou com o empate com sabor a derrota diante do Benfica, em Alvalade. A dirigir esse desgosto e já com um temível Wolfsburg na cabeça, deu-se o empate em Belém. Em depressão acentuada depois da eliminação europeia, 72 horas antes, o Sporting é goleado no Dragão.  

Com os mesmos pezinhos mas com mais anos na pernas (e na cabeça), como teria corrido a época leonina? Essa é a grande incógnita. Nem Rui Patrício viveu assim tanto na carreira. E quanto a Nani, ainda gostava de perceber como o tal jogador que veio acrescentar experiência ao plantel já tem onze cartões amarelos na temporada, nove deles no campeonato e quase todos por protestos.

PS: Um dos grandes destaques na época leonina é João Mário. Já  conhecia o bom trato que dá à bola, a classe e a qualidade de passe. Regressou com mais intensidade e o protagonismo que hoje tem na equipa acaba por ser natural. Desconhecia, contudo, a capacidade de finalização. Leva sete golos em todas as competições e o mais impressionante é que os últimos três foram de... cabeça. Os números não são apenas de '10', também de segundo avançado. Uma autêntica mais-valia!

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