sexta-feira, 14 de junho de 2013

Entrevista a Rúben Guerreiro (GD Fabril)


Nome: Rúben Filipe Inácio Guerreiro

Data de Nascimento: 12 de Dezembro de 1988 (24 anos)

Naturalidade: Almada

Nacionalidade: Portuguesa

Posição: Médio-Ofensivo/Extremo/Avançado

Altura: 185 cm

Peso: 76 kgs

Clube atual: GD Fabril (desde 2011/12)

Clubes anteriores: Cova da Piedade (2007/08 a 2009/10) e Casa Pia (2010/11)


GD FABRIL

David Pereira – Qual foi o sentimento quando aquele fatídico jogo a 1 de Junho frente ao Sacavenense terminou? O que lhe passou pela cabeça?
Ruben Guerreiro - Foi sobretudo tristeza e muita frustração por não termos conseguido o principal objetivo da época e por mais nada poder fazer depois do último apito. Não consegui pensar em mais nada naquele momento.


DP – Quais julga que foram os momentos cruciais na época que afastou o GD Fabril da subida de divisão? O que poderia ter sido feito de uma melhor forma?
RG - Provavelmente a primeira volta da segunda fase, onde fizemos um ponto apenas em quinze possíveis, depois já tivemos de jogar sempre sobre pressão e atrás do prejuízo. Não é fácil responder a esta segunda questão... No Futebol há sempre uma variedade de fatores que influenciam o resultado final, não quero destacar nenhum.


 DP – Entre o plantel, ainda se acredita numa subida de divisão fruto da desistência de outros clubes?
RG - Nesta altura não, nem sabemos se é possibilidade, pois há clubes que terminaram com melhor classificação que nós.


DP – Que avaliação faz da temporada, em termos gerais, incluindo a campanha na Taça de Portugal?
RG - Se não terminasse desta forma teria sido perfeita, assim não o foi, mas em termos gerais faço um balanço positivo, com um trajeto fantástico na Taça de Portugal, e um campeonato em que sonhamos com a subida até ao último minuto.


DP – Quais as principais diferenças entre Conhé e Manuel Correia? O que distinguia os seus métodos de trabalho?
RG - Há diferenças acentuadas sobretudo em termos de método de treino e tipo de liderança. O mister Conhé é um treinador mais castiço e com métodos de treino mais antiquados, ao contrário do mister Manuel que é mais moderno e atualizado, e que sabe muito bem como motivar os jogadores.


DP – A nível coletivo os objetivos não foram cumpridos. Mas em termos individuais, sente-se satisfeito?
RG - Em termos individuais foi uma época muito positiva, mantive-me regular, com muitos jogos e golos à mistura. Arrisco-me a dizer que, em paralelo com a de 2008/09, foi a melhor.


DP – Vai continuar no GD Fabril na próxima temporada ou irá dar o salto? O “seu” Cova da Piedade vai participar no Campeonato Nacional de Séniores…
RG - Neste momento ainda não sei qual será o meu futuro, não há propostas em concreto a não ser do GDF.


DP – Pode desvendar os nomes dos clubes que eventualmente se tenham interessado pelos seus serviços?
RG - Prefiro não referir clubes porque não iria passar de especulação. Vamos aguardar.


 DP – Em jeito de brincadeira, tentou uma cunha junto do seu amigo João Meira para rumar até Belém?
RG - Ele gostaria e eu certamente também, mas não. Ele é um grande profissional e não se intromete nesses campos.


DP – Qual é a sua opinião sobre o clube Grupo Desportivo Fabril e a sua massa adepta? Sendo ambos do mesmo distrito, que comparação faz entre esse emblema e o Cova da Piedade?
RG - O GDF é em termos de condições o melhor clube deste distrito, sem dúvida. Falta-lhe o apoio que merecia para ser um grande do Futebol. Este ano penso que a massa adepta foi melhor e espero que continue. O Cova da Piedade é igualmente um grande clube, mais humilde e onde os adeptos se dedicam mais ao clube.


DP – Se tivesse que apostar em um ou dois dos seus colegas para chegar à Primeira Liga, em quais apostaria?
RG - Sem dúvida, Rui Correia e Marinheiro.


DP – Esta época o seu colega Catarino esteve abaixo do registo de 2011/12. Pensa que foi mal servido, tratou-se de uma temporada em que as coisas não lhe correram de acordo do seu valor ou que já não consegue acompanhar as andanças do futebol nacional?
RG - No Futebol acontecem épocas assim a todos, não se trata de qualidade. Também jogou menos e talvez lhe tenha faltado um pouco mais de sorte na finalização, mas ele já não tem que provar nada a ninguém.


DP – Esta época teve a oportunidade de disputar o derby do Barreiro. O que achou da rivalidade entre GD Fabril e Barreirense?
RG - É um ambiente fantástico e onde todos querem jogar. Há mais emoção que em muitos jogos das ligas profissionais. É muito bom para jogadores e adeptos.


DP – Muitos adeptos, nas bancadas no Estádio Alfredo da Silva, consideram estranho o Rúben jogar com os calções em baixo, julgando mesmo que lhe pode travar os movimentos. Porque razão os usa assim?
RG - Não é impeditivo, nem dificulta os movimentos. Uso calções térmicos para prevenir lesões e estes fazem os calções escorregar. Entre usar muito em cima ou em baixo, prefiro a segunda hipótese.


CARREIRA

DP – O Rúben passou pela formação do Sporting Clube de Portugal. O que falhou para não continuar a representar tal clube?
RG - Na altura, era muito baixinho e foi essa a razão que me deram para ser emprestado.


DP – Quais os nomes mais sonantes com quem integrou um plantel no Sporting? Já aí adivinhava um futuro risonho para eles?
RG - Daniel Carriço, Fábio Paim, Rui Patrício, João Gonçalves, Chiquinho entre muitos outros. Naquelas alturas todos pensamos nisso e somos promessas, daí estarmos lá entre os melhores. Uns conseguiram, outros não e outros ainda continuam a tentar. A formação é muito importante, mas o futebol sénior é muito diferente, e a diferença está no tempo de adaptação e na insistência a esta realidade...qualidade e argumentos todos tinham.


DP – O que tem a formação do Sporting de tão especial para ser uma das melhores fábricas de talentos da Europa? Ou acredita que boa parte do crédito advém do scouting?
RG - As duas vertentes, o Sporting tem grandes profissionais, métodos de trabalho muito bons e trabalha-se a excelência. Hoje em dia essa diferença entre o sporting e outros clubes de topo já não é tão notável.


DP – Depois do Sporting seguiu-se o Cova da Piedade, onde passou muitos anos. Tem um carinho especial por esse emblema? Teria continuado se não tivessem descido aos distritais?
RG - É um clube que tenho um carinho especial porque foi onde este sonho começou. Sempre acompanhei o Cova da Piedade. Sai porque surgiu uma proposta da 2ª divisão, na altura ainda estava na 3ª divisão.


DP – Em 2010/11 passou pelo Casa Pia, na II Divisão, acabando por descer de divisão. O que de bom lhe trouxe essa passagem pelo clube lisboeta?
RG - Foi uma experiência positiva, conheci uma nova divisão, mas joguei muito pouco porque estive seis meses lesionado.


 DP – Sente-se preparado para jogar nas divisões profissionais? Alimenta esse sonho?
RG -  É um sonho que ainda tenho, sinto-me mais que preparado, falta-me uma oportunidade. Há quem as tenha e desperdice, eu também preferia desperdiçar do que nunca a poder ter.


DP – Gostaria de jogar no estrangeiro? Muitos portugueses têm emigrado para países como Chipre e Roménia. Essa hipótese agradar-lhe-ia?
RG - É uma hipótese que não descarto, tudo dependeria das condições, se fosse bom para mim...porque não!?


DP – Quais foram os melhores amigos que fez ao longo da sua carreira?
RG - É impossível enumerar, foram muitos em todos os balneários. É o melhor, e o que fica.


DP – Proponho-lhe um desafio: Elabore um Onze Ideal com jogadores que foram (ou são) seus colegas de equipa?
RG - GR Crespo, DD Carlos André, DC Rui Correia, DC Marinheiro, DE Zinho, MC Gonçalo, MC Gabi, MC Ruben Ferreira, MD Dani Pinto, ME Bolinhas e PL Pedro Augusto.


DP – As lesões já condicionaram o seu percurso desportivo? Em que momentos?
RG - Principalmente em 2009 que me impediram de jogar a 2ª fase quando estava na minha melhor forma. E no Casa Pia que estive quase um ano parado.


 DP – Que treinador o marcou mais pela positiva? E pela negativa?
RG - Pela positiva, Lívio Semedo porque talvez tenha sido o treinador que explorou as minhas características ao máximo. Pela negativa, ninguém, tudo serviu para aprender e evoluir.


DP – O Rúben tem jogado à direita, à esquerda e ao meio, seja no eixo do ataque, seja atrás do ponta-de-lança. Onde se sente mais confortável?
RG - Sinto-me bem em todas, mas 10 é a minha posição base.


DP – Quais julga ser as suas melhores qualidades como futebolista? E em que aspetos pensa ser absolutamente necessário evoluir?
RG -  Para mim qualquer jogador tem de ser evoluído tecnicamente. Hoje em dia é essencial um jogador ser forte fisicamente e sobretudo explosivo, porque a velocidade é a característica mais evidente de desequilíbrio.


DP – Já pensou em ser treinador no futuro?
RG - Já pensei e já dei o primeiro passo com os estudos, mas é algo para realizar num futuro mais longínquo.


DP – O Rúben é professor de Educação Física. Como tem conseguido conciliar trabalho e a carreira futebolística?
RG - Enquanto não se é profissional, com alguma flexibilidade é fácil conciliar. Até hoje tenho conseguido.


 DP – Dada a sua profissão, sente que tem uma responsabilidade-extra de estar bem preparado fisicamente?
RG - Claro que sim e é importante controlar muitos fatores pois não sendo profissional, tem-se um desgaste maior na atividade laboral, mas com esforço e alguns cuidados tudo se consegue.


DP – Quais são os seus ídolos no mundo do futebol?
RG - Ronaldinho Gaúcho e Cristiano Ronaldo.


OUTRAS QUESTÕES

DP – Acredita que o futebol português beneficiou com a extinção da III Divisão?
RG - Penso que não, ficou um vazio entre as distritais e a 2ª divisão e vai ser um grande choque tanto para as equipas que sobem como para as que descem. O futuro dirá se foi bom ou mau.


DP – O Rúben é um confesso sportinguista. Qual pensa que é o problema do clube para estar tantos anos seguidos longe da ribalta?
RG - O Sporting não tem já há algum tempo uma estrutura forte, aliada a uma situação financeira não muito forte para um grande, o que faz com que não se consiga criar uma base na equipa que seja suficientemente forte e regular. Penso que seja esse o verdadeiro problema do Sporting a nível desportivo.


 DP – Acredita na qualificação da seleção nacional para o Mundial 2014? Porque será que sofremos sempre até ao último momento para conseguir o apuramento?
RG - Claro que sim, é impensável um Mundial sem Portugal. Também não consigo explicar... Talvez falta de concentração em jogos teoricamente mais acessíveis nos tenha posto nesta situação.


DP – Que opinião tem sobre a página no facebook “Futebol no Barreiro” (https://www.facebook.com/FutebolNoBarreiro)?
RG - É um bom incentivo ao Futebol no concelho do Barreiro, mantem-nos informados e é importante os clubes serem falados e projetados. Que continuem. Parabéns.


DP – Muito obrigado pelo tempo concedido! Foi um prazer! Tudo de bom para si!


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