A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e Polónia
Fernando Couto em disputa de bola com polaco Olisadebe
O Mundial
2002 foi o meu primeiro. E logo um Mundial
marcado pelo regresso de Portugal,
que participava pela terceira vez, depois do 3.º lugar de 1966 e do insucesso
de 1986. Com Luís Figo e Rui Costa em alta e jogadores como Vítor Baía,
Fernando Couto, Rui Costa, João Vieira Pinto ou Pauleta em bom plano, havia
quem se atrevesse a sonhar com o título.
Recordo-me vagamente de se ter
considerado acessível o grupo da equipa
das quinas, que tinha ainda Estados
Unidos, Polónia
e a coanfitriã Coreia
do Sul. Lembro-me até de se ter falado que os polacos
seriam o osso mais duro de roer, talvez pela experiência negativa de 1986, por
se tratar de uma seleção europeia ou por contar, entre outros, com o
guarda-redes do Liverpool,
Jerzy Dudek. A verdade é que essa previsão
saiu ao contrário. Portugal
perdeu com os Estados
Unidos na estreia e com a Coreia
do Sul a fechar a fase de grupos e, pelo meio, goleou a Polónia. Depois de ter assistido ao jogo com
os Estados
Unidos num pavilhão da escola primária que frequentava a meio da manhã e
antes de ter visto uma parte do duelo com a Coreia
do Sul em casa (à hora de almoço) e a outra na escola, lembro-me de ter
acompanhado a transmissão do Portugal-Polónia
em casa, também à hora de almoço, apesar de ser segunda-feira. Porquê? Porque
era feriado, 10 de junho, Dia de Portugal. E, curiosamente, foi mesmo o Dia de
Portugal nesse Campeonato
do Mundo.
Sem cábulas, lembro-me de Pauleta
ter apontado um hat trick, conseguindo nesse jogo três dos quatro golos
que somou em 15 partidas em fases finais. Mas não me lembrava de como tinham
sido os golos e de quem tinha apontado o outro.
Aos 14 minutos, o açoriano
recebeu um grande passe de João Pinto, tirou Tomasz Hajto do caminho e
inaugurou o marcador. Aos 65’, desviou à boca da baliza um passe/cruzamento
rasteiro de Luís Figo. Aos 77’, servido por Rui Costa, fez o que quis de Tomasz
Waldoch antes de completar o hat trick. Por falar em Rui Costa, foi o
maestro quem fez o 4-0, ao desviar ao primeiro poste uma bola cruzada rasteira
por Capucho na direita. “Cinco dias depois da catástrofe,
a Seleção
Nacional redescobriu-se viva. Com um imenso suspiro de alívio, o país
ganhou, no mínimo, mais quatro dias de suspense e, acima de tudo, a certeza de
que ainda há, na equipa portuguesa, potencial para legitimar algumas das
expectativas trazidas para a Coreia. A vitória sobre a Polónia
(4-0) não foi, durante cerca de uma hora, fruto da exibição de luxo que o
resultado final anuncia. Realisticamente não poderia sê-lo, tamanho o rombo na
autoconfiança resultante daqueles fantasmagóricos 36 minutos diante dos Estados
Unidos. Mas foi, até aí, um triunfo lúcido, inteligente e, mérito decisivo
com vista ao futuro, conquistado a pulso. Depois, quando Pauleta conseguiu o
seu segundo golo da noite, pondo ponto final na incerteza, os polacos partiram
para um assalto cego e obstinado, abrindo avenidas que a confiança recuperada
dos artistas explorou com requintes sádicos”, resumiu o Maisfutebol.
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