“Os três postes são uma prisão, mas consegui evadir-me algumas vezes”. Quem se lembra de Higuita?
René Higuita celebrizou a defesa de escorpião
A excentricidade de René Higuita
já era conhecida dos adeptos do futebol, mas ninguém estava à espera de ver o
que aconteceu no dia 6 de setembro de 1995 no Estádio
de Wembley: travou um cruzamento mal medido de Jamie Redknapp com uma
intervenção que ficou conhecida como a defesa de escorpião.
Em vez de encaixar a bola com os
braços, saltou na horizontal com os calcanhares no ar e enviou a bola com os
pés para a entrada da área. Uns abriam a boca de espanto, outros riam à gargalhada.
A alcunha “el loco” tornou-se curta para definir o guarda-redes colombiano,
que nessa noite defendia a baliza da sua
seleção diante de Inglaterra.
Mas a loucura de Higuita não se
esgotou nessa defesa de escorpião nem no visual excêntrico, com a farta
cabeleira e bigode a fazer lembrar uma estrela do reggae. Também gostava
de sair a jogar e de fintar adversários. Nem sempre correu bem e o exemplo mais
flagrante aconteceu no Mundial 1990, quando tentou driblar o camaronês Roger
Milla a meio do meio-campo durante a segunda parte do prolongamento, mas perdeu
a bola e sofreu o golo que eliminou a Colômbia
do torneio.
Considerado um dos melhores
guarda-redes de sempre da América do Sul, teve uma carreira de quase um quarto
de século e apontou 43 golos: 35 de penálti, sete de livre direto e um em bola
corrida através de um pontapé de área a área. “Os três postes são uma prisão
para o guarda-redes, mas felizmente eu consegui evadir-me algumas vezes”,
afirmou numa ocasião.
Amigo do conhecido traficante
Pablo Escobar, chegou a estar preso durante seis meses por servir de
intermediário num resgate de sequestro. “Sou futebolista, não sei nada sobre as
leis dos raptos”, comentou. Por ter passado a primeira metade do ano de 1994 na
cadeia, falhou o Mundial
dos Estados Unidos. Dez anos depois, testou positivo
para cocaína enquanto jogava pelos equatorianos do Aucas. Já em 2005 participou
num reality show similar ao Survivor e, no mesmo, fez uma
operação plástica que lhe retirou todas as cicatrizes, compôs o nariz e
arranjou os dentes. “Eu com o meu aspeto não brinco”, atirou. Na Europa só representou os
espanhóis do Valladolid, mas na Colômbia percorreu alguns dos principais
clubes: começou no Millonarios
(1985), passou duas vezes pelo Atlético
Nacional (1986 a 1991 e 1993 a 1997) e defendeu ainda a baliza do Independiente
Medellín (1999 e 2000).
Sem comentários:
Enviar um comentário