quinta-feira, 25 de julho de 2024

“Os três postes são uma prisão, mas consegui evadir-me algumas vezes”. Quem se lembra de Higuita?

René Higuita celebrizou a defesa de escorpião
A excentricidade de René Higuita já era conhecida dos adeptos do futebol, mas ninguém estava à espera de ver o que aconteceu no dia 6 de setembro de 1995 no Estádio de Wembley: travou um cruzamento mal medido de Jamie Redknapp com uma intervenção que ficou conhecida como a defesa de escorpião.
 
Em vez de encaixar a bola com os braços, saltou na horizontal com os calcanhares no ar e enviou a bola com os pés para a entrada da área. Uns abriam a boca de espanto, outros riam à gargalhada. A alcunha “el loco” tornou-se curta para definir o guarda-redes colombiano, que nessa noite defendia a baliza da sua seleção diante de Inglaterra.
 
 

Mas a loucura de Higuita não se esgotou nessa defesa de escorpião nem no visual excêntrico, com a farta cabeleira e bigode a fazer lembrar uma estrela do reggae. Também gostava de sair a jogar e de fintar adversários. Nem sempre correu bem e o exemplo mais flagrante aconteceu no Mundial 1990, quando tentou driblar o camaronês Roger Milla a meio do meio-campo durante a segunda parte do prolongamento, mas perdeu a bola e sofreu o golo que eliminou a Colômbia do torneio.
 
 

Considerado um dos melhores guarda-redes de sempre da América do Sul, teve uma carreira de quase um quarto de século e apontou 43 golos: 35 de penálti, sete de livre direto e um em bola corrida através de um pontapé de área a área. “Os três postes são uma prisão para o guarda-redes, mas felizmente eu consegui evadir-me algumas vezes”, afirmou numa ocasião.
 
 
 
Amigo do conhecido traficante Pablo Escobar, chegou a estar preso durante seis meses por servir de intermediário num resgate de sequestro. “Sou futebolista, não sei nada sobre as leis dos raptos”, comentou. Por ter passado a primeira metade do ano de 1994 na cadeia, falhou o Mundial dos Estados Unidos.
 
Dez anos depois, testou positivo para cocaína enquanto jogava pelos equatorianos do Aucas. Já em 2005 participou num reality show similar ao Survivor e, no mesmo, fez uma operação plástica que lhe retirou todas as cicatrizes, compôs o nariz e arranjou os dentes. “Eu com o meu aspeto não brinco”, atirou.
 
Na Europa só representou os espanhóis do Valladolid, mas na Colômbia percorreu alguns dos principais clubes: começou no Millonarios (1985), passou duas vezes pelo Atlético Nacional (1986 a 1991 e 1993 a 1997) e defendeu ainda a baliza do Independiente Medellín (1999 e 2000).


  

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