A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e Islândia

Raul Meireles na vitória de Portugal sobre a Islândia no Dragão

Embora a Islândia esteja filiada na FIFA desde 1947 e na UEFA desde 1957, os dois primeiros jogos entre Portugal e a seleção nórdica remontam à fase de qualificação do Euro 2012. Antes disso, nem sequer um jogo particular.

 

Apesar de na altura já acompanhar futebol há mais de dez anos, não me recordo do primeiro confronto entre ambas, em Reiquejavique a 12 de outubro de 2010. Portugal venceu por 3-1, mas já estive a ver o resumo e não me lembro de absolutamente nada. Nem lances nem resultado. Nada.

 

Mas lembro-me bem do segundo jogo entre Portugal e Islândia, no Estádio do Dragão, a 7 de outubro de 2011, para o qual a equipa das quinas partiu em igualdade pontual com a Dinamarca e a três pontos da líder Noruega, que tinha um jogo a mais. A Islândia ocupava o 4.º lugar, com quatro pontos em sete jogos – só Chipre tinha menos pontos (dois).

 

Na altura, Paulo Bento começava a construir o onze base dos próximos anos: Rui Patrício; João Pereira, Pepe, Bruno Alves e Fábio Coentrão; Miguel Veloso, Raul Meireles e João Moutinho; Nani, Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga. Contudo, neste jogo atuaram Eliseu e Rolando nos lugares dos lesionados Coentrão e Pepe, ao passo que Carlos Martins relegou Veloso para o banco de suplentes.

 

Do lado islandês só conhecia o veterano Eidur Gudjohnsen, já com 33 anos e ao serviço do AEK Atenas, após ter passado com algum sucesso por Chelsea e Barcelona. Mais tarde passei a conhecer também Gylfi Sigurdsson (Swansea, Tottenham e Everton), Aron Gunnarsson (Cardiff) e Jón Gudmundsson (AZ Alkmaar e Burnley). Estava longe de imaginar que algum dia pudessem vir a participar num grande torneio, como o vieram a fazer no Euro 2016 e no Mundial 2018.

 

Ainda assim, os islandeses deram boa réplica no Dragão. Perderam e sofreram cinco golos, mas marcaram três.

 

Nani inaugurou o marcador aos 13 minutos, de cabeça, na sequência de um cruzamento de Eliseu. Aos 21’, Nani bisou no seguimento de um mau atraso de Sölvi Ottesen para o seu guarda-redes. À beira do intervalo, o 3-0, por Hélder Postiga, após um cruzamento de Bruno Alves a partir da direita.

 

A segunda parte começou praticamente com o golo islandês, da autoria de Hallgrímur Jónasson, após desvio de cabeça de Sölvi Ottesen (48’). 20 minutos depois, Ottesen voltou a servir Jónasson, desta feita para o 3-2.

 

Temeu-se o empate, mas Portugal não tremeu e marcou mais duas vezes. Primeiro por João Moutinho a passe de Eliseu (81’) e depois pelo então lateral esquerdo do Málaga após recuperação do próprio (87’). Antes do apito final, Gylfi Sigurdsson reduziu para 5-3 na conversão de uma grande penalidade (90+4’).

 

Numa crónica redigida para este blogue, salientei que Portugal se colocou em vantagem numa fase em que ainda não o tinha justificado, mas que a partir do 1-0 se tornou “completamente dominador e controlador”, chegando ao 2-0 com alguma naturalidade, apesar de Cristiano Ronaldo ter estado apagado. A Islândia, que a dada altura “parecia já estar conformada com a derrota”, parecia inofensiva mesmo quando chegou ao 3-1, mas reduziu a desvantagem para apenas um golo quando até era só a equipa das quinas que continuava a criar situações de perigo. O 3-2 não abanou o selecionado de Paulo Bento, que “não tremeu” nem “apanhou grandes sustos”, acabando por marcar mais dois golos com alguma naturalidade, no seguimento do que estava a ser o seu volume ofensivo.

 

Individualmente destaquei o bom jogo de Eliseu, que fez duas assistências e um golaço; o muito “bom plano” em que Carlos Martins se apresentou, o “grande jogo” de Nani e os “grandes momentos de futebol” proporcionados por Cristiano Ronaldo… sempre que apareceu.

 

 

 

Para carimbar o apuramento para o Euro 2012 Portugal necessitava apenas de empatar em Copenhaga diante da Dinamarca, na última jornada da fase de qualificação, mas foi derrotado e teve de disputar o tudo ou nada no playoff.