A minha primeira memória de… um jogo entre Inglaterra e Ucrânia

Wayne Rooney marcou o único golo do encontro

A minha primeira memória de um jogo entre Inglaterra e Ucrânia remonta ao Euro 2012, possivelmente o Campeonato da Europa que segui com mais atenção. Na altura, as duas seleções ficaram integradas no Grupo D, juntamente com França e Suécia, num torneio que se disputou na Polónia e na… Ucrânia.

 

A partida entre ingleses e ucranianos teve a particularidade de se ter realizado na Donbass Arena, em Donetsk, um estádio inaugurado poucos anos antes, em 2009, e que custou cerca de 400 milhões de dólares, mas que acabou por ter apenas cinco anos de utilização. A guerra no Donbass, entre as forças ucranianas e pró-russas na região, levou à inutilização e fecho do recinto em maio de 2014. Tanto nessa guerra como agora, na invasão russa de toda a Ucrânia, a Donbass Arena tem sofrido danos.

 

Mas voltemos ao Euro 2012. Inglaterra e Ucrânia encontraram-se na 3.ª jornada. Os três leões, orientados por Roy Hodgson, somavam quatro pontos e tinham no empate a garantia do apuramento para os quartos de final. Já a seleção de leste, comandada pelo eterno Oleg Blokhin, contabilizava três pontos e necessitava de vencer para seguir em frente.

 

Inglaterra era, como sempre foi, uma seleção recheada de futebolistas de qualidade e habituados aos maiores palcos, mas em 2012 o auge de jogadores como John Terry, Ashley Cole e Steven Gerrard parecia já ter passado. O único que continuava a ser um dos melhores do mundo era Wayne Rooney, que até tinha falhado os dois primeiros jogos devido a castigo.

 

Do outro lado, 21 dos 23 convocados jogavam no campeonato da Ucrânia, o que não era propriamente bom sinal. As exceções eram os já trintões Anatoliy Tymoshchuk (Bayern Munique) e Andriy Voronin (Dínamo Moscovo). Por falar em veteranos, na convocatória estava também Andriy Shevchenko, na altura com 35 anos, ao serviço do Dínamo Kiev e à espera que o Campeonato da Europa chegasse ao fim para anunciar o final de carreira. E, como a Ucrânia não bateu Inglaterra, acabou por ser esta a última partida oficial do avançado que tanto brilhou no AC Milan.

 

Vamos ao jogo, que começou com um ritmo muito elevado. A Ucrânia foi atrás da vitória e teve uma entrada forte, mas Inglaterra foi crescendo no decorrer do encontro. Depois de uma primeira parte sem golos, os três leões colocaram-se em vantagem no início do segundo tempo, através de um cabeceamento de Wayne Rooney na resposta a um cruzamento de Steven Gerrard, que contou com um desvio num defesa ucraniano e uma fífia do guarda-redes Pyatov (48’).

 

Cerca de um quarto de hora depois, aconteceu um dos momentos mais polémicos deste Campeonato da Europa. O avançado ucraniano Marko Dević ultrapassou o guarda-redes Joe Hart e rematou para a baliza, mas John Terry, em esforço, intercetou-a já dentro da baliza sem que a equipa de arbitragem validasse o golo.

Terry cortou a bola já para lá da linha de baliza

Numa crónica redigida para este blogue, realcei o descontrolo emocional dos ucranianos após esse golo não validado. Até então, a seleção do leste europeu estava a pressionar Inglaterra, ainda que “sem arte nem engenho” para grande volume ofensivo.

 

Individualmente, destaquei a “bela exibição” de Steven Gerrard, que “encheu o campo” e arrancou “um grande lance individual na jogada que deu vantagem aos britânicos”, a dinâmica dada ao ataque ucraniano por parte de Yevhen Konoplyanka.

 

Inglaterra não só conseguiu o apuramento, com sete pontos, como o primeiro lugar no grupo, beneficiando da derrota da França às mãos de uma Suécia que entrou na última jornada já sem hipóteses de passagem aos quartos de final.