quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A minha primeira memória de… um jogo entre Rosenborg e equipas portuguesas

Capucho em luta com um defesa norueguês num jogo nas Antas
Os jogos entre Rosenborg e equipas portuguesas eram habituais por altura da viragem do milénio. A formação norueguesa, que ganhou consecutivamente o campeonato do seu país entre 1992 e 2004 e esteve sempre na Champions entre 1995-96 e 2002-03, defrontou o FC Porto em 1996-97, 1997-98 e 2001-02 e o Boavista em 1999-00 em jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões. Outros tempos, tendo em conta que os nórdicos já não participam na prova milionária desde 2007-08.

O primeiro encontro de que me lembro entre o Rosenborg e equipas lusas remonta a setembro de 2001, quando ficaram integrados num grupo que também incluía FC Porto, Celtic e Juventus. Ainda assim, são memórias algo enevoadas, porque me lembrava que as duas equipas se tinham defrontado, mas já não me recordava dos resultados nem de qualquer incidência.

No conjunto nórdico, praticamente só havia lugar para noruegueses e nenhum teve propriamente uma carreira de grande sucesso a nível internacional. Os dragões eram, por isso, claros favoritos, e acabaram por vencer tanto em Trondheim como na Invicta.


O primeiro jogo foi na Noruega, na jornada inaugural. Logo aos 10 minutos, Pena deu o melhor seguimento a um contra-ataque em que também participaram Deco e Capucho e inaugurou o marcador.

Embora os nórdicos tivessem feito pela vida, foram os dragões que fizeram as redes balançar novamente, através de um raro golo de cabeça de Deco na resposta a um cruzamento de Mário Silva, à passagem da hora de jogo.

O melhor que os noruegueses conseguiram fazer foi reduzir para 1-2 já em tempo de compensação, por intermédio de um cabeceamento de Sigurd Rushfeldt, avançado internacional pela Noruega que representou o seu país no Mundial 1994 e passou sem grande sucesso pelo Birmingham e pelo Racing Santander.

Curiosamente, Rushfeldt esteve bastante próximo de reforçar o Benfica em agosto de 1999 e até chegou a ser apresentado, mas Vale e Azevedo acabou por desistir da sua contratação. O então presidente benfiquista acusou o jogador de não resistir à pressão do que representa jogar no emblema da Luz, mas há quem alegue que faltavam garantias financeiras aos encarnados para pagar os 750 mil contos (3,74 milhões de euros) da transferência.

“Melhor o resultado que a exibição, quantas vezes já se disse uma coisa destas e quantas vezes mais se há de dizer enquanto houver futebol? O FC Porto foi à Noruega abrir as hostilidades na Liga dos Campeões, pisando o terreno de um adversário incómodo, forte, mas sem grande prestígio internacional, capaz de bater qualquer equipa na Europa, mas proporcionando sempre a ideia de escândalo de cada vez que comete a proeza de travar um grande. Dito de outra maneira: o FC Porto ganhou ao Rosenborg e amanhã já ninguém se lembra disso na Europa, mas, se perdesse, daqui por meia dúzia de anos ainda se falaria da malapata que os portugueses têm com a equipa do senhor Eggen, o treinador bonacheirão já sexagenário do campeão norueguês, que para além de saber o que é bater os azuis e brancos, não fez por menos quando defrontou o Boavista e ganhou tranquilamente aqui e lá”, escreveu o Record na crónica do jogo.


O segundo jogo entre as duas equipas, nas Antas, teve caráter decisivo. A Juventus, com 11 pontos, já tinha o apuramento assegurado para a segunda fase de grupos. Mas a segunda vaga estava ao alcance de FC Porto (sete pontos), Celtic (seis) e Rosenborg (quatro). Os noruegueses seguiriam em frente se vencessem na Invicta e os escoceses não ganhassem em casa à Juventus, mas os dragões confirmaram o favoritismo, venceram por 1-0 e carimbaram o passaporte para a segunda fase.

O único golo do encontro foi apontado pelo avançado brasileiro Pena, que depois de ter desperdiçado várias oportunidades lá conseguiu introduzir a bola no fundo das redes, de cabeça, na resposta a um grande cruzamento de Clayton a partir do lado esquerdo (37 minutos).

“O FC Porto conseguiu aquilo que se esperava que conseguisse e que a sua carreira europeia justificava: apurar-se para a segunda fase de grupos da Liga dos Campeões. Uma vitória mínima para uma diferença máxima no primeiro tempo, em que a equipa de Octávio desperdiçou ocasiões de golo até ao limite do inimaginável, e uma segunda mais de contenção, em que soube segurar o jogo, mas não dominá-lo”, pode ler-se no Record.


Embora esse duplo duelo com os dragões seja o primeiro de que tenho memória entre o Rosenborg e uma equipa portuguesa, tenho mais presente a eliminatória em que os nórdicos defrontaram o Benfica nos primeiros meses de 2004, na Taça UEFA.

A formação norueguesa apresentou-se nos dois jogos só com futebolistas nacionais e novamente sem grandes estrelas, mas houve um nome que ficou no ouvido: Azar Karadas. O jovem possante de 22 anos deu muito trabalho à defesa benfiquista e cerca de cinco meses depois foi contratado pelo emblema de Luz.

Relativamente aos encontros, o Benfica de José Antonio Camacho venceu em Lisboa na primeira-mão por 1-0, com um golo de Zahovic de pé esquerdo à entrada da área, a passe de Nuno Gomes, aos 59 minutos. Minutos antes, Nuno Gomes tinha falhado de forma incrível um golo cantado.

Na partida de Trondheim, o Rosenborg colocou-se a vencer por 2-0 logo à passagem do primeiro quarto de hora, com golos do antigo médio do 1860 Munique, Ørjan Berg (7’), e de… Karadas (15’). Contudo, Nuno Gomes reduziu para 2-1 praticamente na resposta (19’) e devolveu a vantagem na eliminatória aos encarnados.

Porém, as águias tiveram de sofrer bastante para segurar o resultado, porque ficaram reduzidas a dez unidades ainda na primeira parte, devido à expulsão de Nuno Gomes, que viu o segundo cartão amarelo por, no entender do árbitro, ter simulado uma grande penalidade. Remetido à sua defesa, valeu ao Benfica a inspirada exibição do guarda-redes Moreira, que em março de 2009 considerou esse o melhor jogo da carreira.














1 comentário:


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