segunda-feira, 18 de junho de 2018

Aaron Mooy. O operário mais elegante dos Socceroos

Aaron Mooy é titula indiscutível no meio-campo australiano

A Austrália não conseguiu surpreender a França no arranque do Mundial, não somou qualquer ponto, mas deixou a imagem de uma equipa com uma alma imensa, ciente das suas fragilidades, mas a querer praticar um futebol apoiado e sobretudo a fazer da entrega ao jogo a sua principal arma. No capítulo da combatividade, poucas seleções do torneio estarão ao nível dos Socceroos.

Numa formação recheada de operários dispostos a sacrificar-se pelo coletivo até à última gota de suor, o que mostrou mais capacidade para simultaneamente sujar os calções e mostrar alguma classe foi Aaron Mooy, médio dos ingleses do Huddersfield.


Ao lado do capitão Mile Jedinak, e com uma careca a contrastar com a volumosa barba do companheiro do duplo pivot, o destro centrocampista de 27 anos e 1,74 m trabalhou imenso no equilíbrio da equipa, na disputa das bolas divididas e na pressão aos adversários, mas também mostrou que tem tanta capacidade com bola do que sem ela. Se umas vezes parece que tem o fato de macaco vestido, noutras aparenta estar trajado de fato e gravata.

No futebol de pé para pé implementado pelo selecionador holandês Bert van Marwijk – tem Van Bommel como adjunto -, Mooy é o primeiro a mostrar-se aos defesas, dando-lhes uma linha de passe na primeira fase de construção. Depois, recebe e, com alguma classe, conduz a redondinha ou endossa-o a um companheiro, sempre de forma criteriosa, à procura de uma progressão segura pelo terreno de jogo. Também aparece no meio-campo contrário para apoiar os ataques numa fase mais adiantada e executa todo o tipo de bolas paradas. Enfim, um box to box bem ao estilo inglês.



De Sydney à Premier League

Natural de Sydney, aterrou no Reino Unido no verão de 2006, primeiro para integrar as camadas jovens dos ingleses do Bolton, depois para passar pelos escoceses do St. Mirren, mas sem grande sucesso em ambas as etapas.

Voltou à Austrália em 2012 para vestir as cores do Western Sydney e depois do Melbourne City, emblema do grupo detido pelos proprietários do Manchester City. Talvez por isso, assinou pelos citizens há dois anos, mas nunca chegou a jogar pela equipa de Pep Guardiola. Após uma temporada emprestado ao Huddersfield, foi eleito para o onze ideal do Championship e ajudou os terriers a ascender à Premier League, acabando por assinar a título definitivo até 2020 pelo conjunto orientado por David Wagner. Custou 9,1 milhões de euros e, durante quatro dias, chegou a ser a contratação mais cara da história do clube – foi ultrapassado pelo ponta de lança Steve Mounié, recrutado ao Montpellier por 13 M.

O médio australiano foi mesmo o principal protagonista do bom arranque do Huddersfield no patamar maior do futebol inglês – sete pontos nas três primeiras jornadas – e mereceu rasgados elogios do seu treinador: “Merece todos os elogios porque é um futebolista muito técnico, mas com uma incrível capacidade de trabalho defensivo.”





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