sábado, 7 de abril de 2018

Em Penafiel há uma equipa de Primeira

Penafiel é uma das equipas em melhor forma na II Liga

Já tive a oportunidade de assistir a jogos de quase todas as equipas com reais possibilidades de subida à I Liga – à exceção do Arouca -, e não me sinto reticente em apontar o Penafiel, independentemente do que acontecer até ao final do campeonato, como o conjunto que mais me convenceu.

Ao contrário do que é apanágio na II Liga, os durienses têm competido sem qualquer futebolista veterano a fazer valer a sua experiência, inteligência emocional e matreirice – Nacional tem Felipe Lopes, Santa Clara tem Marcelo Oliveira, Pacheco, Diogo Santos ou Igor, Arouca tem Bracali, Nuno Coelho ou Cícero, Académica tem João Real, Zé Castro, Nélson Pedroso, Fernando Alexandre ou Marinho e Académico de Viseu tem Peçanha, Pica, Fernando Ferreira, Rui Miguel ou Luís Barry.


Assim sendo, os penafidelenses vivem essencialmente da qualidade do seu futebol. Mérito evidente de Armando Evangelista, treinador que não foi feliz no comando da equipa principal do Vitória de Guimarães, mas que está a dar uma belíssima imagem no emblema rubro-negro. O técnico de 44 anos, que rendeu António Conceição em outubro, pegou numa formação jovem e sem grandes nomes, e transformou-a num coletivo bastante mecanizado nos vários momentos do jogo, com aquilo a que se apelida de bom futebol, numa dinâmica em que as individualidades acabam por sobressair.

Dá gosto encontrar na Segunda Liga uma equipa que tente jogar como uma de Primeira, a procurar chegar ao último terço do campo através de um futebol apoiado desde zonas recuadas, embora também esteja preparada para recorrer a um jogo mais direto e típico do campeonato em que está inserida.

Onze que defrontou o U. Madeira, em março
Laterais ofensivos (Kalindi e José Gomes) que combinam bem com os extremos (Ludovic e Gleison), um duplo pivot do meio-campo com qualidade técnica (Romeu Ribeiro, Vasco Braga ou Hélio Cruz) e um médio ofensivo (Gustavo) com um pé esquerdo demasiado bom para o segundo escalão do futebol português são alguns dos ingredientes do ataque posicional dos penafidelenses.

Também a nível ofensivo, existe um grande aproveitamento das jogadas de bola parada, com o destro Ludovic e o canhoto Gustavo sempre próximos da bola para poderem dar-lhe curvas e destinos diferentes, e os possantes centrais (João Paulo e Luís Pedro ou Diouf) e o oportuno ponta de lança (Fábio Abreu) a fazerem uso do jogo aéreo.

Por outro lado, na hora de correr para trás, o Penafiel defende através de um bloco compacto, com as linhas muito juntas, em que os extremos funcionam praticamente como segundos laterais. É muito difícil apanhar a equipa desposicionada, tal a disciplina tática e o compromisso dos jogadores.

A subida de divisão até poderá não vir a ser festejada no Estádio Municipal 25 de abril, mas Armando Evangelista terá certamente razões para se orgulhar do que lá conseguiu construir a partir da jornada 10, ronda para a qual os durienses entraram na zona de despromoção.









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