Pepe é um central imponente mas... discriminado |
Quando se fala em Pepe, o que vem
à memória são as atitudes violentas e espalhafatosas do central
luso-brasileiro. Pontapés, pisadelas, provocações ou simulações são atos que
associamos ao jogador, mesmo que com o passar dos anos se tenham tornado cada
vez menos frequentes.
Muitas das vezes, é esquecido o
enorme central de que se trata. Tem tudo, exceto razões para invejar a
qualidade de qualquer colega de profissão que atue na mesma posição. É forte na
marcação, imperial no jogo aéreo, rápido, ágil e com enorme capacidade para se
manter concentrado durante 90 ou 120 minutos. E por incrível que pareça, cada
vez comete menos faltas, utilizando a experiência e capacidade de desarme para
evitar as infrações.
Também
é um dos chamados centrais modernos, daqueles com boa saída de bola, que não
tremem quando a têm no pé, e são capazes de a conduzir até à entrada do
meio-campo contrário e entrega-la com qualidade. Viu-se isso no
Portugal-Croácia, por exemplo. Mas já se via nos tempos em que alinhava pelo FC
Porto e tinha Jesualdo Ferreira como treinador. Também por aí faz a diferença,
não ficando atrás dos aclamados Piqué, Hummels ou Sergio Ramos.
Curiosamente,
Sergio Ramos, que é o seu companheiro de eixo defensivo no Real Madrid, é tido
como um dos melhores centrais do planeta, senão mesmo o melhor. Por cinco
vezes, esteve no onze do ano da UEFA. Por seis, no da FIFPro. E o espanhol, que
não é vítima do mesmo preconceito do internacional português, é somente o
futebolista com mais expulsões da história dos merengues. Isso é objetivo. No que toca a subjetividades,
considero-o menos fiável e atento do que Pepe.
Mas a
descriminação de que o internacional português é alvo consegue conhecer
contornos ainda mais ridículos. Em 2014, o ano da décima Liga dos Campeões do
Real Madrid e dos 7-1 da Alemanha ao Brasil, o antigo defesa do Marítimo e FC
Porto é preterido do onze do ano da FIFPro justamente pelos brasileiros David
Luiz e Thiago Silva, que tantos buracos abriram.
Mais:
Pepe nunca venceu um prémio individual. Tem sido sempre preterido. Não pelo que
tem feito sobretudo de 2012 em diante, mas pelo que fez até aí. As tais
agressões, simulações e pisadelas que, mesmo que deixem de existir, nunca o vão
largar, fazendo dele um jogador eternamente subvalorizado.
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