sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Bonfim tem mais encanto na hora da vitória

Hassan estreou-se a titular e marcou o primeiro golo do jogo

Liga | Vitória 2-1 Académica


Cinco jogos depois, o Vitória voltou a sorrir no Bonfim. Fê-lo pela segunda vez nesta temporada, ao décimo encontro caseiro. Porque o adversário se chamava Académica, poderá até dizer-se que aprendeu a lição, mas não evitou sofrer até ao fim, perante um adversário que ainda não venceu na condição de visitante.

Apesar de se tratar de um clássico do futebol português, as bancadas do reduto sadino mostraram-se despidas, o que não inspirou propriamente os jogadores das duas equipas. Assistiu-se a um mau jogo de futebol, sobretudo na primeira parte, onde houve muitas faltas, muitas bolas divididas, mas escassas oportunidades de golo. Numa dessas raras ocasiões, Hassan marcou. Foi essa a diferença entre ambos os conjuntos na etapa inicial: um marcou, o outro não.


No segundo tempo, a qualidade do espetáculo melhorou ligeiramente. Os setubalenses não descansavam com o 1-0 e foram à procura de uma vantagem mais dilatada. Os coimbrenses, ainda menos contentes com o resultado, fizeram pela vida e foram em busca do tento da igualdade. O empate acabou por chegar, num lance pouco afortunado para Ruca, que ao desarmar Gonçalo Paciência isolou Nuno Piloto, que na cara de Ricardo não perdoou.

Embora o 1-1 não agradasse, Quim Machado foi arrojado ao retirar um avançado, Hassan, colocando em campo um central adaptado a médio, Miguel Lourenço, para ganhar a batalha do meio-campo. Mais equilibrados, os vitorianos estabilizaram e foram em busca do triunfo.

Arnold marcou, numa primeira instância (70 minutos), mas viu o golo ser (mal) anulado por pretenso fora de jogo. Temeu-se que a igualdade permanecesse até ao apito final, mas aos 84’ o extremo congolês, mesmo após uma receção de bola deficiente, conseguiu acertar pela segunda vez com o fundo das redes, desta feita a valer.

Apesar dos três pontos somados e do regresso às vitórias quatro partidas depois, há ilações que o técnico sadino deverá tirar. O meio-campo com apenas dois homens – sendo apenas um de características defensivas – tem deixado a equipa desequilibrada, a defesa exposta e não permite a André Horta ter a máxima liberdade para pautar o jogo ofensivamente. Em vez de ir resolvendo esse problema a meio dos encontros, convém cortar o mal pela raiz, que é como quem diz, no onze inicial.



Ficha de jogo


Liga – 19.ª jornada

Estádio do Bonfim, em Setúbal (2.288 espectadores)


Vitória (4x1x3x2): Ricardo; William Alves (Gorupec, 73), Frederico Venâncio c, Rúben Semedo e Nuno Pinto; Fábio Pacheco; Arnold, André Horta e Ruca (Vasco Costa, 80); Hassan (Miguel Lourenço, 66) e André Claro

Suplentes não utilizados: Raeder (GR), Alexandre, Dani e Paulo Tavares

Treinador: Quim Machado

Disciplina: Cartão amarelo a Frederico Venâncio (40), André Horta (81) e Ricardo (90+4)


Académica (4x2x3x1): Pedro Trigueira; Aderlan, João Real, William Gustavo e Rafa Soares; Fernando Alexandre c (Ricardo Nascimento, 87) e Nuno Piloto; Hugo Seco (Marinho, 50), Rui Pedro (Gonçalo Paciência, 41) e Ivanildo; Rafael Lopes

Suplentes não utilizados: Lee (GR), Pedro Nuno, Oualembo e Artur Taborda

Treinador: Filipe Gouveia

Disciplina: Cartão amarelo a Ivanildo (31), Rafa Soares (31) e Rafael Lopes (36)


Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto), assistido por Pedro Ribeiro e Tiago Leandro, com Pedro Campos como 4.º árbitro


Golos


1-0, por Hassan (37). Na resposta a um canto de Nuno Pinto, William Alves cabeceou para defesa incompleta de Trigueira. Na recarga Hassan fez golo.

1-1, por Nuno Piloto (59). Num lance a meio-campo, ao efetuar o desarme sobre Gonçalo Paciência, Ruca acabou por isolar Nuno Piloto na cara de Ricardo. O médio da Académica, isolado, não perdoou.

2-1, por Arnold (84). Na sequência de um cruzamento de Gorupec, Arnold recebeu a bola de forma deficiente, mas ainda foi a tempo de a rematar para o fundo das redes.




Estatísticas (Vitória-Académica)


Posse de bola (%): 52-48

Remates: 9-12

Remates à baliza: 4-3

Cantos: 7-8

Faltas cometidas: 22-17

Foras de jogo: 3-4



Apreciação individual


Ricardo: Regressou à titularidade um mês depois, após ter estado lesionado no ombro e de ter sido suplente na partida da jornada anterior, diante do Boavista. Esteve bem nas saídas aos cruzamentos e não teve responsabilidade no golo sofrido. Assinou uma brilhante intervenção a remate de Aderlan, aos 74 minutos.

William Alves: Foi influente no lance do 1-0, tendo cabeceado para defesa de Trigueira antes da recarga de Hassan. Não sentiu grandes dificuldades defensivas, embora se tenha envolvido pouco no apoio ao ataque.

Frederico Venâncio: Viu o cartão amarelo por falta sobre Ivanildo já no final do primeiro tempo (40’). Esteve quase sempre bem colocado e em bom plano.

Rúben Semedo: Fez um corte providencial aos 45 minutos, ao impedir que a bola chegasse a Gonçalo Paciência à boca da baliza sadina. Conseguiu estar concentrado durante todo o encontro, o que aliado à sua velocidade, agilidade e capacidade técnica proporcionou uma belíssima exibição.

Nuno Pinto: Deu profundidade ao corredor esquerdo e não sentiu grandes dificuldades para lidar com a oposição de Hugo Seco, primeiro, e de Ivanildo, depois.

Fábio Pacheco: Voltou ao meio-campo, onde se sente mais confortável e geralmente tem um desempenho superior. Somou inúmeros desarmes no miolo. Arrepiou o lance em que fez a espargata para cortar um cruzamento no interior da sua área (55’).

Arnold: Sacou um cartão amarelo a Rafa Soares (31’), condicionando o lateral dos estudantes para o que restava do encontro. Viu ser-lhe anulado um golo limpo por pretenso fora de jogo (70’). Mais uma vez, mostrou que a velocidade é a sua grande arma, mas desiludiu na execução técnica de passes, cruzamentos e vários remates. Exemplo disso foi a receção deficiente que mesmo assim, não o impediu de rematar forte para o 2-1, já bem no interior da área da Académica. 
Jogadores do Vitória voltaram a festejar no Bonfim


André Horta: Excelente a iniciativa ao roubar a bola a Rui Pedro já perto da área da Académica e depois rematar para intervenção de Pedro Trigueira, aos 21 minutos. Esteve ativo, com a garra habitual, mas acusou algum cansaço no segundo tempo, quando até ficou mais liberto de tarefas defensivas. Contudo, ainda teve fôlego para desmarcar Gorupec na direita no início da jogada do 2-1.

Ruca: Substituiu o castigado Costinha. Foi infeliz ao fazer uma autêntica assistência para Nuno Piloto, oferecendo o 1-1 ao médio dos estudantes. Ajudou a fechar bem o corredor, mas ofensivamente participou pouco.

Hassan: Foi a grande novidade do onze sadino, alcançando a primeira titularidade na equipa em jogos oficiais. O jogo já por isso era especial, mas o filho do antigo avançado de Farense e Benfica (com o mesmo nome) quis torná-lo ainda mais memorável ao apontar o primeiro golo da partida. Esteve perto de bisar aos 48 minutos, mas respondeu a um cruzamento de Nuno Pinto com um cabeceamento desenquadrado. Além do golo, mostrou outros bons pormenores.

André Claro: Apresentou grande mobilidade mas não teve nenhum daqueles rasgos individuais, cruzamentos ou remates que em partidas anteriores fizeram a diferença.

Miguel Lourenço: Reforçou o meio-campo, mesmo sendo um central e havendo três médios no banco (Dani, Alexandre e Paulo Tavares). Entrou nervoso, falhou passes, andou às apalpadelas para encontrar os melhores terrenos para pisar, mas acabou por ser recompor na parte final do encontro.

Gorupec: Entrou para dar mais propensão ofensiva ao corredor direito e foi uma aposta em cheio de Quim Machado, uma vez que o lateral croata fez a assistência para o 2-1.

Vasco Costa: Entrou para refrescar o ataque nos últimos dez minutos.



Outras notas


Rúben Semedo regressa às opções de Quim Machado, após ter cumprido castigo diante do Boavista. O central/médio tem estado na ordem do dia, pois vai regressar ao Sporting já em janeiro, terminando assim o empréstimo ao Vitória. Ainda assim, foi a jogo diante da Académica.

Costinha falhou o encontro frente à Académica – clube que representou enquanto júnior - devido a castigo, após ter visto o quinto amarelo na Liga no jogo frente ao Boavista.

Meyong, que já se treina com o plantel sadino, ainda não viu a sua contratação ser oficializada, devido a questões burocráticas, e é carta fora do baralho para a partida com os estudantes.

O médio guineense de 17 anos da formação do Vitória, Herculano Carvalho, está a ser alvo de cobiça por parte de Sporting, Benfica, Inter, Juventus, Roma e Leverkusen. Outra pérola das camadas jovens sadinas, Valdo Té, está na mira de Inter, Atalanta, Sporting, Benfica e FC Porto.

Segundo o Record, o jovem central da equipa B  do Benfica, João Nunes, 20 anos, está nos planos do Vitória para reforçar a equipa principal já em janeiro, por empréstimo dos encarnados.


O guarda-redes sadino Ricardo representou a Académica em 2007/08 e de 2009/10 a 2013/14, tendo até conquistado uma Taça de Portugal pela briosa, numa final ganha ao Sporting (1-0), em 2011/12.

O avançado da Académica, Rafael Lopes, regressou ao Bonfim, onde jogou ao serviço do Vitória em 2011/12.

Obiora (rotura no adutor esquerdo), Iago (traumatismo no joelho esquerdo), Emídio Rafael (sinovite no tornozelo esquerdo), Nii Plange (rotura nos isquiotibiais) e Makonda (mialgia na face posterior da coxa esquerda), todos lesionados, e Leandro Silva, castigado, constituíram o lote de ausentes dos estudantes na deslocação a Setúbal.

Paulo Tavares e Arnold estavam em risco de exclusão, mas não viram qualquer cartão amarelo.

A receção à Académica constituiu a pior assistência da época no Bonfim em jogos da Liga (2.288), ficando abaixo dos 3.018 que tinham estado na partida diante do Estoril. Curiosamente, os dois jogos com menos público coincidiram com as únicas vitórias caseiras sadinas.


Números


André Claro continua a ser o jogador do Vitória com mais minutos na Liga (1621), seguido de perto por Frederico Venâncio (1620).

A Académica continua sem ganhar fora nesta edição da Liga: nove jogos, dois empates e sete derrotas.

Em 108 jogos entre as duas equipas na I divisão, a vantagem é sadina: 49 vitórias, 24 empates e 35 derrotas. Se contabilizarmos apenas os jogos no Bonfim, esse facto ainda é mais acentuado: 54 encontros, 34 triunfos setubalenses, nove igualdades e 11 desaires.

Na temporada transata, o Vitória só atingiu os 25 pontos à 27.ª jornada e em 34 rondas ficou-se pelos 24 golos marcados (já tem 30 em 2015/16).

Os sadinos já não somavam 25 ou mais pontos à 19.ª jornada desde 2007/08 (28) e não tinham tantos golos marcados à mesma ronda desde 1993/94 (30).



Outras análises











Vitória – Rio Ave (Oitavos de final da Taça de Portugal): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/o-vilao-nao-virou-heroi-mas-nao-merecia.html







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