segunda-feira, 5 de outubro de 2015

À quarta tentativa, Bonfim viu Vitória

Desta vez Suk não marcou, mas participou no lance do golo
Costuma dizer-se que à terceira é de vez, mas no caso do Vitória, foi à quarta tentativa que conseguiu triunfar no Bonfim. Curiosamente, até nem foi das exibições conseguidas dos sadinos, que foram manifestamente infelizes nas outras três receções mas que frente ao Estoril, tiveram a sorte do jogo. Numa partida onde as forças se equilibraram, a balança pendeu para o lado dos setubalenses devido à defesa incompleta de Kieszek e da crença e oportunismo de André Claro.

Quanto ao jogo em si, nota-se que Quim Machado continua às apalpadelas na procura do tão desejado equilíbrio defensivo/ofensivo, que permita à equipa continuar a criar bastantes oportunidades e a marcar golos, mas ao mesmo tempo ser menos permeável a defender.


É certo que repetiu o onze que na semana anterior tinha empatado na Choupana com o Nacional (1-1), mas o facto de ter feito uma substituição logo ao intervalo é uma prova do seu descontentamento. O seu descontentamento, mais uma vez, com o desempenho de Ruca, que por muito empenhado que seja, continua a ser curto em termos ofensivos.

Depois de uma primeira parte atabalhoada, com muitos passes falhados e chutões para a frente, na qual o Estoril foi superior, o segundo tempo trouxe um Vitória mais agressivo e com um bloco mais adiantado.

Embalado pela boa entrada nos segundos 45 minutos, que coincidiram com a inclusão de Fábio Pacheco no meio-campo, os sadinos apenas precisaram de seis minutos para se adiantarem no marcador. André Claro aproveitou um remate de Suk que Kieszek não agarrou para fazer o 1-0.

Onze mais equilibrado do Vitória?
Nessa fase, o 4x1x3x2 tinha dado lugar a um mais vincado 4x4x2, com Pacheco e Dani, dois trincos puros, no duplo pivot. Em relação ao primeiro tempo, a capacidade técnica de Costinha passou do centro para o lado esquerdo, acabando por deixar a equipa mais equilibrada em momentos de perda da bola quando o antigo jogador do Lusitano de Vildemoinhos estava em missão ofensiva. Talvez Quim Machado tenha encontrado aqui, finalmente, o seu onze-tipo, dada a boa resposta do coletivo nos diversos momentos do jogo.

Não confundir, contudo, a mudança de sistema com o modelo de jogo. Este manteve-se inalterável, com a formação da Margem Sul a continuar a apostar na verticalidade das suas transições para atacar a baliza adversária, como vem sendo hábito na presente temporada.

A partir dos 65/70 minutos, inevitavelmente, os sadinos baixaram o bloco, saíam com cada vez menos homens para o ataque e foram tentando baixar o ritmo ao ganhar faltas, lançamentos e perdendo algum tempo nas reposições.

Na reta final, acabou por ser importante a entrada de André Horta – um dos sacrificados do onze que começou a época na tentativa de se encontrar um equilíbrio -, que refrescou o meio-campo e ajudou a segurar a bola perto da área estorilista.



Ficha de jogo


I Liga – 7.ª jornada

Estádio do Bonfim, em Setúbal


Vitória (4x1x3x2): Ricardo; William Alves, Frederico Venâncio c, Rúben Semedo e Nuno Pinto; Dani; Arnold (André Horta, 69), Costinha e Ruca (Fábio Pacheco, int.); Suk e André Claro (Paulo Tavares, 87)

Suplentes não utilizados: Raeder (GR), François, Uli Dávila, Hassan e Vasco Costa

Treinador: Quim Machado

Disciplina: Cartão amarelo a Costinha (39) e Suk (84)


Estoril (4x3x3): Kieszek; Anderson Luís, Diego Carlos, Yohan Tavares c e Mano (Dieguinho, 80); Afonso Taira, Anderson Esiti (Billal, 57) e Leandro Chaparro (Luiz Phellype, 62); Bruno César, Léo Bonatini e Babanco

Suplentes não utilizados: Georgemy (GR), Kakuba, Diakhite e Matheus

Treinador: Fabiano Soares

Disciplina: Cartão amarelo a Leandro Chaparro (13), Anderson Esiti (41), Afonso Taira (78) e Diego Carlos (90+2)


Árbitro: João Capela (AF Lisboa), assistido por Ricardo Santos e Tiago Rocha e com Hélder Malheiro como 4.º árbitro


Golos


1-0, por André Claro (51). Lançamento de linha lateral de Nuno Pinto na esquerda, que deixa a bola em Costinha. Este passa-a a Dani em zona central, e o médio progride para a direita, à procura de linha de passe, e encontra Arnold, que dá de primeira para Suk. O coreano encontra espaço para rematar à baliza no meio de três adversários, Kieszek não agarra a bola e André Claro aproveita a recarga para dar vantagem ao Vitória, de pé direito.



Estatísticas (Vitória-Estoril)


Posse de bola (%): 41-59

Ataques: 27-35

Remates: 11-9

Cantos: 4-8

Faltas cometidas: 14-13

Foras de jogo: 1-1


Apreciação individual


William Alves vai progredindo como lateral direito
Ricardo: Seguro entre os postes e na saída aos cruzamentos. Um acréscimo de qualidade em relação a Raeder.

William Alves: Forte fisicamente, ganhou praticamente todos os duelos que disputou no jogo aéreo. Sentiu falta de apoio nas tarefas defensivas e desenrascou no plano ofensivo, sabendo-se que não é a sua especialidade.

Frederico Venâncio: Bastante seguro, mostrando grande frieza e concentração mesmo em momentos de maior aperto. Foi somando belos desarmes ao longo do jogo. Muito certeiro e criterioso quando tem a bola, por norma entrega-a redondinha a um colega.

Rúben Semedo: Dá à equipa outra capacidade de sair a jogar, quando necessário, pois é fiável a jogar com os pés. Fez alguns cortes arriscados, que podiam ter causado grandes penalidades, mas acabou por ser feliz. Tem potencial para ser um bom central, falta manter índices elevados de concentração durante os 90 minutos. Desconcentrou-se, por exemplo, aos 38’, quando deixou fugir Léo Bonatini para a baliza sadina., ou aos 90+5’, quando deixou bater a bola e permitindo que Bonatini se isolasse, redimindo-se imediatamente após com um corte providencial.

Nuno Pinto: Cruzamento perfeito para Suk cabecear ao poste aos 45+1’. Bruno César deu-lhe muito trabalho mas acabou por secar o brasileiro.

Dani: Sempre atento ao jogo, fez o chamado trabalho invisível de forma bastante competente: dobra os defesas, cria superioridade numérica no momento defensiva e tapa linhas de passe, obrigando os adversários a jogar mal.

Arnold: Por ordem de Quim Machado ou por negligência do jogador, nem sempre apoiou convenientemente William Alves nas missões defensivas. Quando não tem espaço ou oportunidade para pôr em prática a sua velocidade, notam-se as suas limitações técnicas. Algo apagado e desgastado, foi substituído com naturalidade por André Horta aos 68’.

Costinha: Começou a jogar como médio-centro por acidente, depois de a equipa ter ficado reduzida a dez bem cedo na partida frente ao V. Guimarães. Mas por ser bastante solidário nas tarefas defensivas e ter critério e capacidade de passe, encaixou na perfeição na nova perfeição. Ainda assim, passou para a ala esquerda no segundo tempo, após a saída de Ruca e entrada de Fábio Pacheco e voltou a mostrar toda a sua qualidade. Creio que até consegue expressar melhor o seu futebol a partir do lado esquerdo do que do direito. Numa exibição coletiva sem o brilho de outras (que não deram em vitória), mostrou também toda a sua garra na luta pela bola.

Ruca: Um autêntico segundo lateral esquerdo, que faz do seu empenho na hora de defender a sua principal arma para se manter na equipa. Ofensivamente, tem limitações e, por isso, é que voltou a ser o primeiro a ser substituído, logo ao intervalo.

André Claro voltou a ser decisivo para Quim Machado
Suk: Foi mais uma vez a referência ofensiva dos setubalenses e voltou a ser decisivo, pois foi da sua autoria o remate que Kieszek não agarrou e permitiu a recarga de André Claro (51’). Teve outro momento alto no encontro aconteceu aos 45+1’, quando cabeceou ao poste.

André Claro: Nota-se que recua mais no terreno para vir buscar a bola desde que Arnold entrou no onze inicial, de forma a explorar a velocidade do congolês no último terço. Foi aparecendo também nos corredores, participando (pela esquerda) na construção da jogada que culminou com o cabeceamento de Suk ao poste (45+1’). Apontou o único golo da partida (e o seu quarto no campeonato) aos 51’, aparecendo em boa posição para fazer a recarga a uma defesa incompleta de Kieszek. Saiu esgotado e com queixas físicas, depois de ter levado com a bola na zona do abdómen.

Fábio Pacheco: Jogou pela primeira vez na sua posição original, médio-defensivo, desde que chegou ao Bonfim proveniente do Tondela. Também pela primeira vez, começou um encontro no banco, tendo entrado logo após o intervalo. A sua entrada reequilibrou a equipa e deu frescura, intensidade, capacidade de luta e melhor jogo posicional à zona central do meio-campo.

André Horta: Entrou para ‘10’, passando posteriormente para o flanco direito após a entrada de Paulo Tavares. Refrescou o meio-campo e deu alguma dinâmica, ainda que por o Estoril estar atrás do empate, o jovem médio se tenha visto pouco em termos ofensivos. Na parte final foi bastante útil a segurar a bola no meio-campo defensivo, contribuindo para a manutenção de um resultado favorável. Saiu a coxear devido a um traumatismo no gémeo da perna direita.

Paulo Tavares: Substituiu o esgotado André Claro e foi mais uma arma para colocar trancas à porta.


Outras notas


Kieszek regressou ao Estádio do Bonfim. O guarda-redes polaco do Estoril, 31 anos, representou o Vitória durante a segunda metade da temporada 2009/10, por empréstimo do SC Braga, e a título definitivo em 2012/13 e 2013/14. Voltou a dar alegrias aos sadinos, pois teve responsabilidades nos golos.

Miguel Lourenço, com um entorse na tibiotársica da perna direita, era o único jogador indisponível para Quim Machado.

Fábio Pacheco regressou aos convocados, após cumprir castigado, mas pela primeira vez sentou-se no banco de suplentes. Quim Machado já o tinha anunciado em conferência de imprensa.

William Alves continua em risco de exclusão.

Do lado estorilista, Bruno Miguel, Diogo Amado, Mendy e Gerso falharam o encontro por lesão.

Atalanta, Inter, Celtic, Southampton, Granada, Celta, Bétis, West Ham, Génova, federação de Cabo Verde, Benfica e SC Braga estiveram no Bonfim a espiar. Já não é a primeira vez que observadores de Celta, Granada e Génova se deslocam a Setúbal esta temporada. Sobre quem estarão a recolher dados?

3.018 espetadores no Bonfim. Para já, a pior assistência da temporada, mas a única que viu o Vitória vencer.


‘Opta Vitória’


Frederico Venâncio e Suk, agora com 630 minutos, continuam a ser os únicos totalistas do Vitória.

Quim Machado repetiu o onze que na semana anterior tinha empatado na Choupana com o Nacional (1-1), também para a Liga.

Ruca foi titular nas sete primeiras jornada mas foi substituído em seis jogos. No único encontro em que alinhou os 90 minutos [frente ao V. Guimarães], estava a atuar como lateral-esquerdo por força do castigo de Nuno Pinto.

Ao vencer o Estoril em casa por 1-0, para a Liga, o Vitória repetiu os resultados de 1979/80, 1982/83 e 2012/13.

A última vez que o Vitória tinha somado 10 pontos à 7.ª jornada foi em 2011/12, com Bruno Ribeiro. Nem isso garantiu uma temporada tranquila, pois os sadinos chegaram a ocupar lugares de descida e o técnico natural de Setúbal teve de ser substituído por José Mota.

14 golos marcados à 7.ª jornada? A última vez foi em 2004/05, com José Couceiro no comando técnico.



Outras análises













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