Futuro é sintético

Diz-se que o futebol é um desporto de inverno. É verdade que o frio convida mais e limita menos a prática da modalidade que o calor, mas se assim é, porque é nessa época do ano que os relvados estão em pior estado?

A inovação e o desenvolvimento tecnológico forneceram ao desporto relvados sintéticos. Não ficam empapados, não se tornam batatais e a água pode ser escoada rapidamente à vassourada. Digo, por experiência própria, que os pés até assentam melhor nesse tipo de pisos, enquanto nos naturais até podem enterrar um pouco, tornando-se mais pesados  e dificultando movimentos.

Tem havido, no entanto, alguma resistência à utilização dos relvados artificiais. Diz-se que são propícios a lesões. Rúben Amorim e Nani são exemplos, ainda que possa ser precipitado fazer essa relação causa-efeito. O que é irónico é que muitos dos clubes resistentes à mudança utilizam esse tipo de piso para... as camadas jovens. Pelos vistos, não se importam de sujeitar as crianças a esse perigo (?) chamado sintético.

Diz-se também que a bola salta muito e rola mais rápido. Não é mentira, mas estes relvados de última geração, como o do Estádio do Bessa, vão cada vez mais atenuando as diferenças. Pergunto, no entanto, porque é que a bola não pode saltar mais um pouco e rolar um pouco mais rápido? É preferível o esférico travar numa poça de água, levantar ao passar por um tufo e que se lute para o tirar da lama? Durante mais quantos anos vamos ver o piso do José Alvalade com aquele aspeto? Ficam as questões.