Antes de mais, confesso que não
vi o jogo na sua totalidade. Apenas a primeira parte e os últimos 20 minutos da
segunda, com mais algumas espreitadelas aqui e ali. É verdade, para o jornal
sair à segunda-feira, é preciso que alguém trabalhe ao domingo.
Indo direto ao que realmente
interessa, assistiu-se a um dos derbies
mais equilibrados dos últimos anos, tendo apenas em consideração aqueles que se
disputaram na Luz. Esse equilíbrio acabou por ser patente no resultado.
Do que vi, assisti a um Sporting
que maioritariamente optava por queimar linhas e tentar jogar direto na frente,
ora para Slimani, ora para os extremos, neste segundo caso tentando explorar as
costas da defesa adversária. É um método, é verdade, e até já tinha sido
exibido com a Académica e até um pouco com o Arouca, mas parece ser uma ideia
de jogo pobre para uma equipa que ambiciona o título nacional.
A tentativa de um futebol mais apoiado
morre à entrada do último terço do terreno. Falta mais dinâmica e mais
velocidade na circulação do esférico, que possibilite a que o adversário se
desposicione e se criem espaços para boas situações de finalização. Sem essa dinâmica
e velocidade, o Sporting tem vivido obcecado por colocar a bola nos flancos,
cruzá-la para o interior da área e esperar que um, em dezenas de cruzamentos,
resulte em golo.
É uma ideia pobre, repito. Essa
pobreza traduz-se também no número de finalizações certeiras: três, em três
jogos. Para um clube que todas as semanas se diz candidato, é muito pouco.
Se é verdade que a escassez de
golos e de jogadas estruturadas, com cabeça, tronco e membros, está
principalmente relacionada com a dinâmica coletiva, há que refletir também
sobre os intérpretes dentro das quatro linhas.
Se o Sporting se quer
especializar num kick and rush tipicamente
britânico, deve ter, perto de Slimani, um jogador mais rápido, como Carlos Mané,
para tentar aproveitar as segundas bolas. Seria uma espécie de Michael Owen à
portuguesa, salvo as devidas proporções.
Se quer jogar apoiado em todas as
fases de construção dos seus ataques, aconselha-se, talvez, a presença de um
médio com melhor capacidade de passe, como o caso de João Mário, que face às
sofridas exibições dos leões, ainda não teve oportunidade para se estrear.
Certo é que André Martins é candidato a sentar-se no banco.
Defesa de manteiga
Sem Enzo Pérez particularmente
inspirado, o Benfica viveu muito da capacidade de criar desequilíbrios de
Salvio e Gaitán. E mesmo a dinâmica dessa dupla, com um ou outro pormenor de
Talisca e Lima, foi sendo suficiente para abrir espaços à defesa leonina e
construir as tais jogadas de ataque com cabeça, tronco e membros.
O lance do golo encarnado espelha
todo o mérito da dinâmica ofensiva dos encarnados e exibiu sucessivas falhas de
marcação e maus posicionamentos defensivos dos jogadores do Sporting. Mas houve
mais. Valeu Rui Patrício e o desacerto das águias.
Apreciações individuais
Rui Patrício a bom nível,
talvez motivado pela transferência de Cardozo para o Trabzonspor.
Esgaio ainda precisa de
crescer, mas não esteve mal.
Jefferson não foi tão
ofensivo como em outras ocasiões.
Maurício com falhas e aqui
ali. Mas conseguiu sair com a imagem limpa.
Sarr continua a
surpreender-me pela positiva pela sua segura, ainda que aqui e ali, vá
cometendo pequenos erros. Para já, melhor reforço leonino em 2014/15.
William Carvalho continua
furos abaixo do que já demonstrou na época passada. Não foi o jogador por quem
o Sporting exige tanto dinheiro.
Adrien pressionou e tentou
levar a equipa para a frente. Exibição personalizada, como já nos habituou
nesta temporada.
André Martins deveria
oferecer mais dinâmica como terceiro médio. É candidato ao banco. E João Mário
está à espreita…
Nani ainda vai mostrando
ansiedade e não teve um desempenho capaz de marcar a diferença.
Carrillo apareceu bem,
mostrando mais consistência e disposto a afirmar-se. Foi fundamente ao
pressionar Artur, originando o golo leonino.
Slimani fez as pazes com
os adeptos mas poderia ter saído da Luz com um bis ou até com um hat-trick,
caso não falhasse tanto na hora de atirar à baliza.
Diego Capel é um jogador
importante pela garra que tem e que transmite, mas sem mostrar outros
atributos, a sua venda é perfeitamente equacionável.
Carlos Mané deveria ter
entrado mais cedo, quando Capel foi lançado.
Oriol Rosell refrescou a
zona medular.
" assistiu-se a um dos derbies mais equilibrados dos últimos anos"
ResponderEliminarHouve maior ascendete deles, falharam várias oportunidades, o sporting não conseguiu criar lances de perigo, os que teve foram ofertas, falhas defensivas, como o que resultou no golo.
" mas parece ser uma ideia de jogo pobre para uma equipa que ambiciona o título nacional."
Mas você acredita em contos de "encantar"?
Foi um jogo dentro do que se esperava, com duas equipas sem a qualidade de intérpretes de outras temporadas.
Temos alguns jogadores de categoria acima da média, mas a maioria são jogadores que nem sabem como vieram cá parar. Não houve um único jogador de categoria contratado por esta gente.
A equipa fisicamente foi superior aos rivais, há jogadores em grande rotação, parece que andam a tomar mais vitaminas que os outros.