segunda-feira, 11 de março de 2013

F.C. Barreirense: Um exemplo de coragem

Assim que se consumou o regresso aos nacionais, em Junho do ano transato, que se adivinhava um 2012/13 muito complicado para o Barreirense.
                                      
Em primeiro lugar, o panorama do futebol português. A III Divisão iria conhecer a sua última temporada, e portanto, o risco era total: em cada série, duas equipas sobem ao Campeonato de Portugal e dez descem aos distritais. E se ao olhar apenas para o plano desportivo se pudesse falar de uma situação em que nada há a perder, no plano financeiro as coisas funcionam de forma diferentes. Não abdicar de participar na III Divisão implica mais gastos em deslocações e um orçamento mais alto, de forma a acompanhar as exigências competitivas do escalão. Vasco da Gama de Sines (AF Setúbal) e Campomaiorense (AF Portalegre), só para citar dois exemplos, preferiram continuar nas competições dos respetivos distritos.


O cenário até nem era muito diferente, salvo as devidas proporções, que aquele que o emblema do Barreiro viveu em 2004/05. Nessa época, os então comandados por Daúto Faquirá ascenderam à Liga de Honra, e participaram na edição da prova em que foram despromovidas seis equipas, quando os campeonatos profissionais reduziram o número de formações de dezoito para dezasseis. Esse handicap revelou-se fatal para o clube da Margem Sul, que nos anos seguintes colecionou descidas de divisão e só parou nos distritais. A sensação de deja-vu não se fica apenas por estes dados, pois o técnico da mais recente promoção também é negro (Duka), e não existem assim tantos no futebol nacional.

Mas retomemos à coragem do Barreirense 2012/13. Apesar de o nível competitivo ser superior, a aposta na equipa que conseguiu a subida foi firme, tanto que à exceção do lateral-esquerdo Marcelino, os habituais titulares mantiveram-se no plantel. Os próprios reforços foram contratados de uma forma assertiva, entre alguns antigos atletas do clube como Monzelo, Vasco Campos e Diéb, e vários jogadores que se destacaram nos distritais, como David Pinto (ex-Cova da Piedade) e Lampreia (ex-Alfarim). E tal como muitos clubes, os alvi-rubros também não são saudáveis financeiramente, tendo mesmo terminado com o basquetebol profissional, uma modalidade em que têm uma bonita história.

As condições também não eram as melhores. O Campo da Verderena, além de não ter os seus balneários concluídos, durante parte da época também não teve luz artificial. Ou seja, ao longo da presente temporada os camarros nunca jogaram no seu terreno na condição de visitados. Paio Pires, Vale da Amoreira, Quinta do Anjo, Pinhal Novo e Rosário (Moita) foram as casas que acolheram o Barreirense. Ainda assim, o número de adeptos presentes superou praticamente sempre o razoável, uma realidade que se estendia nas partidas realizadas fora de portas.
Mas, o mais caricato foi que devido à falta de luz artificial, no início da época o plantel teve de treinar no campo da sua academia, que a título de curiosidade, é um campo de futebol 7.

Até com os equipamentos houve problemas. A versão que corre na Internet é a de que na festa de subida de divisão, estes teriam desaparecido. A consequência desta situação foi a equipa ter atuado com um jersey ao qual muitos populares apelidaram de pijama, dada a sua estética.

Até com o plantel houve sobressaltos. O elevado número de lesões e algumas saídas obrigaram Duka a recorrer a soluções de risco, mas que no fundo, eram as possíveis. Na baliza, o habitual suplente Carlos Soares tentou melhor sorte no Pinhalnovense, e quando o titular José Carlos se lesionou, foi o ainda júnior Daniel Vital a assumir a... vital posição de guarda-redes. Na estreia, até defendeu uma grande penalidade, chegou a ser a coqueluche da equipa durante algum tempo, mas quando os erros apareceram, não ficou imune a críticas. O extremo Bailão, a partir de dada altura, passou a ser lateral-esquerdo e. devido a problemas físicos, jogadores influentes como Miguel Gomes, Márcio Diéb ou Vasco Campos foram presenças assíduas… na bancada.

Com tanta atribulação, quem está a ler este texto e desconhecia a situação, facilmente consegue prever que o Barreirense possa estar neste momento já com a descida de divisão assegurada e que o esforço e o risco não tenham valido a pena. Mas engana-se! Durante a fase regular, o clube da Margem Sul ocupou quase sempre os seis primeiros lugares (que dão acesso ao Play-Off de promoção), garantiu a presença na disputa pela subida de divisão e está em 3º lugar, pronto para mais jornadas de muita luta.

Atualmente, está numa série de três vitórias consecutivas, iniciará o Play-Off de promoção a apenas dois pontos do duo de líderes, o Sintrense e o rival Fabril. Os equipamentos já são os tradicionais e as obras nos balneários do Campo da Verderena estão praticamente concluídas. Será esta aventura concluída com um final épico? A resposta chegará em Maio.






2 comentários:

  1. Sendo Sócio do Barreirense, fico muito satisfeito com a campanha 2012/2013, jogando sempre com a casa ás costas. Excelente Época

    ResponderEliminar
  2. Esta campanha deve encher de orgulho todos os Barreirenses, a própria Cidade do Barreiro deveria ter orgulho nos 2 clubes do Concelho,visto que ambos lutam pela subida ao futuro campeonato Nacional de Seniores (novo nome da 2ª divisão).
    Quanto ao equipamento a que chamam pijama,foi o equipamento escolhido para celebrar o centenário do clube...Goste-se ou não também esse equipamento ficará para a história...

    ResponderEliminar