sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Brilhante época sadina não merecia tamanha mancha

Defesa do Vitória sentiu bastantes dificuldades

Liga | Vitória 0-6 Sporting


Depois do jogo, talvez muitos adeptos do Vitória questionem a opção de Quim Machado em ter mudado o sistema da equipa de 4x1x3x2 (ou 4x4x2) para um 4x2x3x1, com Paulo Tavares a aparecer ao lado de Dani no meio-campo. Mas antes, com o técnico em alta pela boa temporada que a equipa tem feito, talvez muitos o tivessem de apelidado de génio, por preencher o miolo frente a um Sporting muito forte no jogo interior.

Se resultasse, seria muito elogiado nos dias seguintes ao encontro. Não resultou, é verdade, mas também não se sabe o que teria acontecido se a estrutura habitual tivesse sido mantida. É preciso não esquecer que os setubalenses até entraram bem no jogo, a procurar dividi-lo.


Contudo, com o passar dos minutos os leões foram encaixando no adversário, souberam abafá-lo com uma pressão intensa, que permitia a rápida recuperação da bola e em zonas bastante afastadas. Depois, ofensivamente, a qualidade técnica, organização e movimentações dos homens mais adiantados da equipa de Jorge Jesus foram produzindo um futebol de grande qualidade.

Quando Slimani inaugurou o marcador, aos 18 minutos, desbloqueou o empate e terá feito o mais difícil na perspetiva leonina. O Vitória continuou abafado e ficou abalado com a desvantagem, tendo chegado ao intervalo a perder por 0-2.

Talvez arrependido, Quim Machado ainda tentou a fórmula que lhe tem dado resultados, com William Alves e Vasco Costa a serem lançados em campo logo após o interregno. No entanto, a réstia de esperança que existia morreu quando Slimani apontou o terceiro golo dos lisboetas.

A perder por 0-3 e ainda com 38 minutos por jogar, os jogadores do Vitória só desejavam que chegasse depressa o apito final. Mas até lá, ainda houve tempo para muito sofrimento, com o Sporting a duplicar a vantagem e a sair do Bonfim goleando por 6-0.

A brilhante época sadina, que não deixa de o ser por este desaire, não merecia tamanha mancha. Os setubalenses, que têm dado nas vistas pelo seu futebol aberto e ofensivo, ficam agora com salto negativo de -1 em golos (27-28).



Ficha de jogo


Liga – 16.ª jornada

Estádio do Bonfim, em Setúbal (6.560 espectadores)


Vitória (4x2x3x1): Raeder; Gorupec (William Alves, int.), Frederico Venâncio, Fábio Pacheco e Nuno Pinto; Paulo Tavares c (Vasco Costa, int.) e Dani; Costinha, André Horta e André Claro (Arnold, 63); Suk

Suplentes não utilizados: Miguel Lázaro (GR), Miguel Lourenço, Ruca e Hassan

Treinador: Quim Machado

Disciplina: -


Sporting (4x4x2): Rui Patrício; João Pereira, Paulo Oliveira, Naldo e Jefferson; João Mário, William Carvalho, Adrien c (Aquilani, 77) e Bruno César (Gelson Martins, 70); Bryan Ruiz (Matheus Pereira, 76) e Slimani

Suplentes não utilizados: Marcelo Boeck (GR), Ewerton, Esgaio e Montero

Treinador: Jorge Jesus

Disciplina: -


Árbitro: Jorge Ferreira (AF Braga), assistido por Inácio Pereira e Paulo Vieira, com André Gralha como 4.º árbitro


Golos


0-1, por Slimani (18). Jefferson lançou a bola para Bruno César, na esquerda, e o brasileiro cruzou para o coração da área onde Slimani, mesmo após um pequeno desvio de Frederico Venâncio, apareceu para inaugurar o marcador.

0-2, por Bruno César (41). João Mário tabela com Slimani e quando apareceu em zona de finalização, Fábio Pacheco aparece para cortar a bola mas acaba por colocá-la nos pés de Bruno César, que de bico fê-la embater na trave e entrar na baliza de Raeder.

0-3, por Slimani (52). Num excelente lance coletivo do Sporting, João Mário abriu na esquerda para Bryan Ruiz e este cruzou para o segundo poste, onde apareceu Slimani a cabecear para o fundo das redes.

0-4, por João Mário (58). João Mário foi fletindo da esquerda para o meio, deixando adversários do caminho, e ainda de fora dá área rematou forte e colocado para o quarto golo. Por já ter jogado no Vitória, não celebrou.   

0-5 por Bruno César (61). Livre lateral de João Mário no lado direito, com a bola a percorrer toda a área sem que ninguém a desviasse e a chegar até Bruno César, que com a parte exterior do pé fez a bola embater no poste e entrar.

0-6 por Aquilani (85). João Mário ultrapassou William Alves e já na área sadina serviu Aquilani, que com muita classe bateu Raeder.



Estatísticas (Vitória-Sporting)


Posse de bola (%): 42-58

Ataques: 17-37

Remates: 4-15

Remates perigosos: 1-10

Cantos: 2-7

Faltas cometidas: 14-24

Foras de jogo: 6-1



Apreciação individual


Raeder: Estava no caminho da bola aos 33 minutos, para travar um remate de Paulo Oliveira já muito perto da baliza. Jogou pelo seguro, atirando a bola para fora, quando recebeu um passe a queimar de Fábio Pacheco (39’). Assinou uma grande intervenção a cabeceamento de Slimani (73’). Não teve responsabilidades nos golos.

Gorupec: Foi uma das novidades do onze, aparecendo no lugar habitualmente ocupado por William Alves. Deu espaço para Jefferson lançar Bruno César, no início da jogada do 0-1, e sentiu muitas outras dificuldades a defender. Ofensivamente, procurou dar profundidade, sobretudo nos primeiros minutos de jogo, aqueles em que a equipa esteve melhor. Ficou no balneário ao intervalo.

Fábio Pacheco batido por Slimani no lance do 0-3
Frederico Venâncio: Bem se esticou, ainda tocou na bola mas não conseguiu que evitar que o esférico chegasse até Slimani no lance do primeiro golo leonino. Sentiu bastantes dificuldades com as movimentações do ataque leonino, tendo de fazer algumas dobras necessárias mas que abriram outros espaços.

Fábio Pacheco: Teve a ingrata missão de vigiar o chatíssimo Slimani, que não lhe deu o mínimo descanso. Infeliz no lance do 0-2, pois o que bem podia ser um corte crucial acabou por ser uma assistência para Bruno César. Concedeu espaço para Slimani cabecear para o 0-3.

Nuno Pinto: Noite difícil, com a dupla composta por João Pereira e João Mário a trocarem-lhe as voltas por diversas ocasiões. Ainda assim, foi dos melhores da sua equipa.

Paulo Tavares: Depois de ter entrado bem diante do SC Braga, foi lançado como titular diante do Sporting, com o objetivo de reforçar o meio-campo. Não teve pedalada para os médios leoninos, chegando praticamente sempre atrasado às disputas de bola, e com naturalidade foi substituído ao intervalo.

Dani: Foi um jogo difícil para si, sem dúvida, mas conseguiu estar uns furos acima do que tinha estado frente ao SC Braga, dias antes, e do que esteve o seu companheiro de duplo pivot, Paulo Tavares.

Costinha: Não conseguiu evitar o cruzamento de Bruno César no lance do 0-1. Não teve andamento para acompanhar as subidas de Jefferson e ofensivamente não existiu.

André Horta: Teve a missão de transportar a bola até ao último terço, procurando aparecer no ataque sempre com o intuito de agitar através do seu ritmo, capacidade técnica e qualidade de passe. Além do talento, mostrou imensa vontade. Tentou a sorte de longe, aos 62 minutos, mas Rui Patrício encaixou o esférico. Foi infeliz no lance do 0-4, uma vez que estava a fazer oposição a João Mário mas acabou por escorregar e isso permitiu que o médio do Sporting tivesse espaço para rematar à baliza.

André Claro: À mínima tentativa de progredir com a bola, era travado (várias vezes em falta) pelos defesas leoninos.

Grande figura do Vitória, Suk, esteve muito apagado
Suk: Naldo não lhe concedeu o mínimo de espaço. Não teve a intensidade e a alegria de outros jogos para batalhar com os defesas do Sporting. No lance em que mais se destacou, ao rematar para defesa apertada de Rui Patrício, foi-lhe assinalado fora de jogo (45’).

William Alves: O seu mau desempenho diante do SC Braga valeu-lhe o estatuto de suplente diante dos leões, ainda que tenha sido lançado no segundo tempo para o lugar do pouco afortunado Gorupec. Tal como o croata, também sentiu bastantes dificuldades na tentativa de travar Bruno César. E já sem o chuta-chuta em campo, acompanhou João Mário apenas com os olhos na jogada do 0-6.

Vasco Costa: Era apontado à titularidade mas acabou por começar no banco. Foi dele o remate que proporcionou a primeira defesa (a valer) de Rui Patrício, aos 50 minutos.

Arnold: Entrou quando o resultado estava já em 0-5. Pouco ou nada havia a fazer, mas ainda trouxe alguma agressividade.



Outras notas


O guarda-redes sadino Ricardo continua de fora, devido a uma luxação na clavícula direita contraída na partida com o Tondela, a 20 de dezembro. Já tinha falhado o duelo com o SC Braga e ao que tudo indica vai desfalcar a equipa diante do Paços de Ferreira, na segunda-feira.

Nuno Pinto regressou às opções de Quim Machado depois de ter cumprido castigo diante do SC Braga. No plano inverso, Rúben Semedo constitui uma baixa para o técnico vitoriano, pois está emprestado ao Vitória precisamente pelo Sporting. Frederico Venâncio chegou a estar em dúvida, devido a uma microrrotura num gémeo, mas acabou por ser considerado apto a tempo de defrontar os leões.

O Vitória voltou a concentrar-se para estágio numa unidade hoteleira de Setúbal um dia antes do encontro. O mesmo já tinha acontecido antes das receções a Rio Ave e SC Braga.

O avançado camaronês Meyong, 35 anos, que representou o Vitória entre 2000 e 2005 e 2012 e 2013, está em negociações avançadas para voltar ao clube, depois de ter terminado contrato com os angolanos do Kabuscorp.

Na véspera do jogo foi noticiado que Suk irá reforçar o FC Porto nas próximas cinco temporadas e que o Vitória receberá cerca de €1,5 milhões por 70 por cento do passe do jogador. O Sporting também estava atento ao coreano, mas terá sido ultrapassado pelos dragões. Após o encontro, o presidente sadino, Fernando Oliveira, desmentiu o negócio.

Ludogorets, Steaua Bucareste e Dínamo Zagreb estão interessados em Nuno Pinto, mas este não deverá deixar o Vitória por menos de 400 mil euros.

François já não é jogador dos sadinos. O central senegalês assinou por três anos e meio pelo Hajer Club, da Arábia Saudita.

André Horta foi apontado ao Hoffenheim.

João Mário regressou ao Bonfim na pele de adversário, depois de ter representado o Vitória por empréstimo do Sporting na segunda metade da época 2013/14. Além do médio internacional português, também voltou a Setúbal Jorge Jesus. O atual técnico leonino representou os sadinos como jogador entre 1980 e 1983 e como treinador entre 2000 e 2002, tendo conseguido a promoção à Liga em 2000/01.

Tobias Figueiredo, Bruno Paulista e Teo Gutiérrez todos lesionados, constituem o lote de ausentes na turma de Alvalade. Por sua vez, os reforços de inverno Bruno César e Marvin já foram inscritos, tendo o primeiro inclusivamente ido a jogo.

O Estádio do Bonfim recebeu a segunda maior enchente da época, 6.560 espetadores, apenas superada pelos 9.323 que estiveram presentes na receção ao Benfica, a 12 de dezembro. O Sporting tinha requisitado 1000 bilhetes mas foram muitos mais os sportinguistas a aparecer na casa do Vitória, alguns até no setor destinado a sócios sadinos, o que motivou um exaltar de ânimos.

No final da partida, uma das claques vitorianos, o VIII Exército, gritou por Diego, guarda-redes que ainda não foi convocado esta época. Quem não gostou da manifestação foi Lukas Raeder, que mostrou desagrado.

Atalanta (Itália), Sheffield Wednesday (Inglaterra) e Oliveirense estiveram representados nas bancadas, em missão de espionagem.

Costinha estava em risco de exclusão, mas não viu qualquer cartão amarelo.

Paulo Tavares já não era titular em jogos da Liga desde 13 de setembro, na goleada imposta pelo Marítimo (5-2) no Funchal.



Números


Suk (1366 minutos) é o jogador mais utilizado pelos sadinos na Liga, à frente de André Claro (1351) e Frederico Venâncio (1350).

O Vitória aumentou para seis o número de jogos consecutivos (em todas as competições) sem ganhar no Bonfim. O último triunfo (e único nesta temporada) foi a 2 de outubro, diante do Estoril (1-0).

No confronto direto entre as duas equipas na I Divisão, a vantagem é claramente do Sporting. 85 triunfos, 27 empates e 23 desaires em 134 jogos. Tendo em conta apenas os duelos no Bonfim, verifica-se mais equilíbrio: 32 vitórias para os leões, 17 para os sadinos e 19 empates em 67 partidas.

Na temporada transata, o Vitória só atingiu os 22 pontos à 25.ª jornada e em 34 rondas ficou-se pelos 24 golos marcados (já tem 27 em 2015/16).

Os sadinos já não somavam 22 ou mais pontos à 16.ª jornada desde 2007/08 (24) e não tinham tantos golos marcados (27) à mesma ronda desde 1987/88 (31).

Com nove golos e quatro assistências, Suk esteve envolvido diretamente em 13 dos 27 golos do Vitória na Liga.



Outras análises











Vitória – Rio Ave (Oitavos de final da Taça de Portugal): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/o-vilao-nao-virou-heroi-mas-nao-merecia.html




Artigos de opinião














1 comentário:

  1. http://oquintobeatle.blogspot.pt/

    Boa tarde, iniciei um novo blog pura e simplesmente sobre futebol.

    Gostaria muito de constar na sua lista de sugestões de blogs, e farei o mesmo claro.

    Obrigada!

    ResponderEliminar

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