quinta-feira, 2 de abril de 2015

Pobre geração de Vieirinha

Já neste espaço me manifestei por diversas ocasiões como um acérrimo defensor das equipas B e na sua utilização no modelo vigente, ou seja, no espaço competitivo da Liga 2.

Os benefícios de um clube poder assegurar a transição de júnior a sénior com minutos de competição a um nível alto e sob a sua alçada têm produzido efeitos bastante visíveis, por exemplo, na seleção sub-21. Convém salientar que esta geração não se trata apenas de uma boa geração. É uma geração com qualidade, é verdade, mas que teve o espaço e a oportunidade que outras não tiveram.


E quando falo em outras, falo sobretudo dos nascidos entre 1986 e 1992 que, pelo menos por uma época, ou foram espalhados por emblemas de Liga 2 e da antiga II Divisão B, ou então integravam o plantel sénior dos grandes mas sem beneficiar de muitos minutos de utilização.

Isso faz-me questionar o que poderiam ter sido esses jogadores, dessas gerações, se tivessem o espaço, a oportunidade a proteção que os da atualidade têm. Recordo-me, evidentemente, dos campeões europeus de sub-17 em 2003.

Miguel Veloso e João Moutinho tiveram a sorte de estar integrados num clube grande, apostador nos talentos da sua academia e sem grandes recursos económicos. Mas mesmo outros ligados ao Sporting não conheceram o mesmo destino. Teria feito falta a Carlos Saleiro e a Mário Felgueiras, por exemplo, eles que foram emprestados sucessivamente. Não tenho dúvidas de que teriam tido uma ascensão mais rápida e que tivessem atingido um patamar mais elevado. Chego até a pensar que se Fábio Paim fosse acompanhado em Alcochete durante mais tempo poderia hoje estar mais perto daquilo que se esperava dele.

Embora os leões estejam associados a uma formação de excelência, foi no FC Porto onde talvez até houvesse mais craques nas camadas jovens, que conheceram um trajeto pouco ortodoxo no futebol sénior. Márcio Sousa, a estrela dos tais sub-17 de 2003, sofreu com a extinção dos bês e hoje está no Tondela, na Liga2, a atravessar o melhor momento da carreira. E porque não falar de Vieirinha, que poderia ter sido um bom ativo? Não teve o acompanhamento desejável, teve poucos minutos na fase inicial da carreira e só depois de muitos anos conseguiu aparecer como jogador de Seleção. Mas há mais. Bruno Gama e Hélder Barbosa já eram nomes conhecidos desde os iniciados. Que poderiam ter eles sido se tivessem apanhado uma equipa B? E porque não falar de Paulo Machado, Zequinha, Ukra, Steven Vitória ou Candeias, também eles muito promissores?

Mesmo o Benfica tem alguns casos. Começando por Nélson Oliveira, cedido a Rio Ave e Paços de Ferreira e restrito aos minutos de utilização que fossem melhores para as equipas e não para ele. Acrescente-se outros colegas dessa geração vice-campeã mundial de sub-20 em 2011, como Saná, Mário Rui ou Danilo Pereira. Estariam hoje num nível competitivo mais alto?

Felizmente, de há três anos para cá que a cada temporada há jovens portugueses a receber oportunidades e a melhorar o nível das seleções jovens e, como se começa a ver, o da própria Seleção AA. O trabalho está a ser bem feito, mas é possível mais e melhor. Começa a ser hora de aumentar o número de equipas B, se possível já na próxima temporada. Com a impossibilidade de serem incluídas na Liga2, creio que já seria bastante bom vê-las no Campeonato de Portugal com possibilidade de subir.








3 comentários:

  1. Eram jogadores que brincavam muito nas selecções, logo viram a sua evolução comprometida e alguns perderam-se.

    Deviam ter sido mais profissionais, renunciarem às selecções e concentrarem-se nos seus clubes para obterem mais sucesso.

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    Respostas
    1. Representar o país é o sonho de qualquer jogador, sobretudo jovens...

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    2. Isso quer dizer o quê exactamente? Brincar nas selecções jovens, ficar à parte no futebol profissional, ir bulir para as obras ou para um hipermercado?

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